A atuação dos bancos para criar recursos para financiar a transição climática e o mercado de carbono foi um dos principais temas debatidos na Semana do Clima, realizada entre 22 e 29 de setembro, em Nova York (EUA). O evento reuniu autoridades, pesquisadores, empresários e representantes da sociedade civil de todo o mundo na busca de respostas às mudanças climáticas.
Uma questão central na Semana do Clima foi a necessidade de um fluxo constante de capital para impulsionar e dar escala a setores que promovem a sustentabilidade ambiental, como energias renováveis, eficiência energética, transporte sustentável e infraestrutura resiliente. Bancos, fundos de investimento e outras instituições financeiras são fundamentais para preencher essa lacuna, financiando empresas e projetos alinhados com as metas de redução de emissões de gases de efeito estufa.
Além disso, essas instituições têm a capacidade de influenciar o comportamento corporativo por meio de práticas de financiamento sustentável. Ao oferecer melhores condições de crédito ou menores custos de capital para empresas com boas práticas ambientais, as instituições financeiras incentivam a adoção de soluções mais verdes e a implementação de compromissos ambientais.
De acordo com Leonardo Fleck, head de Inovação Sustentável do Santander Brasil e palestrante na Semana do Clima de Nova York, “o maior desafio dos bancos é buscar novas fontes de recursos para gerar mais funding voltado ao financiamento de tecnologias, negócios e projetos sustentáveis, além de fontes de energia limpa”.
O mercado de carbono é outra ferramenta crítica no processo de transição para uma economia de baixo emissões de gases de efeito estufa. O mecanismo permite que empresas que conseguem produzir menos CO2 gerem créditos de carbono, que podem ser vendidos para aquelas que excedem suas metas de emissões, criando assim um incentivo financeiro. Esse sistema pode representar uma maneira eficiente de reduzir as emissões globais a um custo relativamente baixo.
“A regulamentação desse mercado é vital para garantir sua eficácia. Sem regras claras, transparência e mecanismos de verificação, o risco de práticas de greenwashing aumenta, o que poderia minar a confiança no sistema e retardar a transição climática”, explica Fleck. “O Brasil é muito rico em florestas e diversidade ambiental, por isso as normas bem definidas para o mercado de carbono podem trazer grandes benefícios financeiros e ambientais para o país.”
Pará se torna o primeiro estado brasileiro a comercializar créditos de carbono
Durante a Semana do Clima, o Governo do Pará firmou um acordo de US$ 180 milhões, destinado a apoiar metas de redução do desmatamento. “Essa operação é um marco para o Brasil. Com os recursos, o Pará poderá investir em iniciativas de combate ao desmatamento, além de apoiar instituições e atores envolvidos na preservação da floresta Amazônica”, explicou o executivo do Santander Brasil.
O acordo prevê a compra de até 12 milhões de toneladas de créditos de carbono, gerados a partir da diminuição do desmatamento entre 2023 e 2026. Foi o primeiro financiamento firmado por um estado brasileiro com a Emergent, organização que coordena a Coalizão LEAF – uma iniciativa internacional público-privada que reúne corporações e os governos da Noruega, Reino Unido, Estados Unidos e República da Coreia, com o intuito de financiar ações de apoio aos governos florestais e às comunidades locais em seus esforços para reduzir o desmatamento e a degradação das florestas.
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