Mais de 500 crianças e adolescentes de comunidades carentes da cidade de Feira de Santana, na Bahia, passaram por testes de acuidade visual realizados pelo projeto social Pega Visão. Destas, 380 foram diagnosticadas com problemas de visão e receberam a doação de óculos.
Realizado pela Associação Fábrica de Saúde, Esporte e Cultura, o projeto passou por nove diferentes regiões do município durante o segundo semestre de 2023.
“Segundo dados do primeiro relatório mundial sobre visão publicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de um bilhão de pessoas em todo o mundo vivem com deficiência visual por não receberem os cuidados necessários para tratar condições como miopia, hipermetropia, glaucoma e catarata. O objetivo do Pega Visão é garantir que nossas crianças e adolescentes possam identificar e tratar possíveis problemas de visão, evitando que eles se agravem”, afirma o presidente da Fábrica e idealizador do projeto, Bruno Wellington.
Bruno ressalta que os atendidos pelo projeto tiveram a chance de escolher a armação que gostariam de usar e que as lentes foram feitas sob encomenda.
Em Feira de Santana, além da parte clínica, o projeto contou com uma estrutura de apoio com serviços de saúde e opções de lazer. As programações também incluíram a presença de um clínico geral, que realizou consultas gratuitas, além de profissionais para aferição de glicemia e pressão arterial.
Sobre os dados que basearam a criação do projeto, Bruno ressalta que o próprio relatório da OMS aponta que problemas de visão impactam diretamente a qualidade de vida das crianças e afetam o desempenho escolar de forma significativa. “Os dados mostram que desde a primeira infância até à adolescência, a visão possibilita o acesso imediato a materiais educacionais e é essencial para o sucesso escolar, além de sustentar o desenvolvimento das habilidades sociais que promovem as amizades, fortalecem a autoestima e mantêm o bem-estar geral”.
Com ações em diversas cidades do Brasil, a Fábrica tem como objetivo oferecer a crianças, adolescentes, jovens e adultos em situação de vulnerabilidade social condições dignas de vida e cidadania, seguindo as diretrizes dos Princípios do Pacto Global e dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas.
Fundada em 2007, a Associação é responsável por projetos nas áreas de saúde, esporte, cultura e assistência social que já beneficiaram cerca de 200 mil pessoas pelo país.
“Ao longo destes mais de 17 anos de atuação, vimos uma escassez gritante no atendimento oftalmológico prestado à população em diversos municípios por onde passamos. Muitas famílias nunca levaram seus filhos ao oculista e, outras, por mais que tenham ciência do problema, não possuem recursos para comprar os óculos. Hoje, sabemos que o SUS não dá conta de atender a demanda e, por isso, o Pega Visão tem como meta promover o acesso a este atendimento e, assim, garantir melhorias na qualidade de vida de milhares de pessoas por todo o país”, diz.
O objetivo é que até 2025, sejam realizados mais de mil atendimentos em diferentes regiões do Brasil.
Mudança de vida
Aos 13 anos, o adolescente Vinícius Santos do Vale, foi um dos jovens beneficiados pela ação e viu as notas da escola melhorarem assim que começou a usar os óculos doados pelo Pega Visão.
De acordo com a mãe, Sirlândia Domingos dos Santos, o jovem nunca tinha ido ao oftalmologista ou realizado qualquer tipo de exame das vistas. “Há algum tempo, vimos que ele começou a se aproximar muito dos livros e cadernos na hora de ler ou escrever e apertar os olhos na tentativa de melhorar a visão. Então, quando o projeto chegou à cidade, fizemos questão de levá-lo para a consulta”, afirma.
No atendimento clínico oferecido gratuitamente pelo projeto, Vinicius foi diagnosticado com estrabismo e 3 graus de miopia. “Foi ele que escolheu qual armação gostaria de usar. Três dias depois, recebeu os óculos de presente, já com as lentes feitas sob encomenda, e ficou muito feliz. O Pega Visão realmente mudou a vida do Vinicius. Ele só tira os óculos pra tomar banho e ir dormir”, conta a mãe.
Cursando o 8º ano do Ensino Fundamental, Vinicius relata que sentia muita dificuldade para enxergar. “Agora que eu tenho os óculos, percebi que já precisava usar há muito tempo. O grau me impactou bastante, porque também descobri que meu problema de visão era mais grave do que eu imaginava. Hoje eu vejo tudo com muita nitidez. Por isso, posso dizer que minha vida mudou completamente”, diz o adolescente.
Mais informações sobre os projetos realizados pela Associação Fábrica de Saúde, Esporte e Cultura podem ser vistas nas redes sociais da entidade pelo @fabrica.ong.br.
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