No dia 10 de novembro comemorou-se o Dia do Trigo. E os produtores do cereal têm muito a celebrar: de acordo com levantamento da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIA), a produção no país evoluiu de 5,1 milhões de toneladas para 10,4 milhões de toneladas ao longo de 2023, segundo projeção da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o que reduziu a dependência da matéria-prima importada de 56% para 40%. Os números da safra atual podem ser explicados pelas boas colheitas no Centro-Oeste, Nordeste e Sudeste, compensando a queda nos principais estados produtores, Paraná e Rio Grande do Sul, devido às fortes chuvas no período da colheita, que ocorre na primavera.
No ano passado, o faturamento da indústria de moagem do trigo e fabricação de derivados em todos os seus segmentos (panificação, biscoitos, massas etc.) foi de R$ 72,4 bilhões, o que correspondeu a 6,7% do faturamento total da indústria de alimentos, de R$ 1,075 trilhão.
O presidente da ABIA, João Dornellas, lembra que, em fevereiro de 2022, com o início do conflito entre Rússia e Ucrânia, importantes países produtores e exportadores de trigo no mundo, os preços do trigo no mercado internacional escalaram ainda mais rápido, subindo 50% em menos de um mês, cerca de duas vezes o patamar pré-pandemia.
“Desde então, os preços do trigo continuaram apresentando elevada volatilidade, devido às incertezas associadas à guerra, com uma tendência de desaceleração lenta e gradual. Nesse contexto mundial de oferta restrita, a produção nacional tem apresentado tendência de crescimento, contribuindo para melhorar a disponibilidade interna do grão e minimizar a alta dos preços aos moinhos e à indústria de alimentos, beneficiando a população brasileira”, reforça o dirigente.
Ele lembra que ao longo dos últimos quatro anos, o mercado internacional de trigo tem passado por profundas alterações. Durante a fase mais crítica da pandemia, os custos de produção e transporte marítimo subiram de forma acentuada, o que pressionou os preços do produto em todos os países.
Setor de panificação é maior consumidor
Dados da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo) – que representa a indústria nacional de moagem de trigo – dão conta de que 43% da farinha de trigo é destinada ao setor de panificação no Brasil. Já a indústria de alimentos consome outros 22%, na produção de massas (12%) e biscoitos (10%). E mais 18% são direcionadas para empresas apenas embaladoras (pacotes de 1 kg e 5 kg), sendo o restante direcionado a segmentos diversos.
Ainda de acordo com a Abitrigo, existem 144 plantas moageiras no Brasil, sendo 31% delas no Paraná, que lidera a produção nacional. O estado moeu 3,7 milhões de toneladas em 2022, o que representa 30% do total de 12,5 milhões de todo o Brasil – volume que se mantém mais ou menos estável desde 2019.
Para esse ano, o presidente-executivo da Abitrigo, Rubens Barbosa, acredita que o Brasil segue na direção de um significativo aumento da produção de trigo. “Com os avanços na tecnologia e na genética, o cereal tem fincado raízes em novas áreas pelo Brasil, principalmente no Cerrado e na Bahia, onde tradicionalmente as culturas de inverno não são produzidas. Isso nos dá otimismo para o futuro, no sentido de que dependeremos cada vez menos de trigo importado”.
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