Estima-se que a fraude custe à economia global cerca de 6,4% do PIB mundial, aproximadamente US$ 5,38 trilhões. Como 80% das fraudes relatadas são cibernéticas e 46,3% das fraudes documentais visam documentos de identidade, várias empresas estão implementando suas defesas. Somente nos Estados Unidos, as perdas por fraude de identidade atingiram impressionantes US$ 52 bilhões em 2022 e devem dobrar até 2024.
Com o avanço da digitalização, a inteligência de identidade – processo de coletar, analisar e interpretar informações sobre a identidade de um indivíduo – tornou-se um desafio. Se, até pouco tempo atrás, a identidade de uma pessoa se limitava a identificadores físicos – como passaportes e carteiras de motorista –, agora existe a prevalência das identidades digitais, levando empresas a precisarem se tornar proficientes em inteligência de identidade.
Dados divulgados da Federal Trade Commission mostram que os consumidores norte-americanos relataram ter perdido quase US$ 8,8 bilhões em fraudes em 2022, um aumento de mais de 30% em relação ao ano anterior. Somente em golpes de investimento, foram perdidos mais de US$ 3,8 bilhões. Esse valor mais do que dobra o valor perdido relatado em 2021.
O segundo maior valor de perda relatado veio de golpes de impostores, com perdas de US$ 2,6 bilhões. O roubo de identidade se transformou numa fraude sintética, um processo que envolve a criação de uma identidade fictícia usando uma combinação de informações pessoais reais e falsas. Com a disseminação de serviços de falsificação online e a utilização da automação por grupos criminosos para roubar dados pessoais, a falsificação de alto nível resultou em grandes problemas para muitos segmentos da economia – levando os líderes de segurança a fortalecer seus sistemas de identificação.
No Brasil, estudo do Serasa Experian revela que, em 2022, os brasileiros sofreram 283.051 tentativas de fraude de identidade somente no mês de novembro – o que representa 1.315 tentativas por milhão de habitantes. São Paulo foi o estado com maior número de tentativas de fraude (87.117), com 1.849 tentativas por milhão de habitantes.
De janeiro a novembro do ano passado, o Brasil já sofreu mais de 3,6 milhões de tentativas de fraude de identidade, o que representa uma a cada oito segundos. Ainda no acumulado de 2022 até novembro, as tentativas de fraude mais prevalentes tiveram como alvo cinco segmentos: bancos e cartões (dois milhões); financeiro (633 mil); serviços (589 mil); varejo (288 mil); telefonia (86 mil).
Investir em um sistema confiável de verificação de identidade é uma das formas encontradas por várias empresas antes de fazer negócio. Elas buscam respostas às dúvidas mais comuns: se pessoa é realmente quem afirma ser; se é uma pessoa viva e não um bot; se já foi vista antes; se é uma pessoa real sem componentes sintéticos; se o nome do indivíduo consta em uma lista de sanções; e se há absoluta certeza sobre tudo isso.
Para detectar fraudes e melhorar a verificação de identidade, especialistas defendem uma abordagem de defesa em várias camadas, incluindo inteligência artificial, testes biométricos para determinar a “vivacidade”, verificação de identidade eletrônica para identificar indivíduos em listas reservadas e o uso de redes neurais para identificar fraudes sintéticas.
Segundo Guilherme Terrengui, head de novos negócios para América Latina e Ibéria da Sumsub – empresa de verificação de identidade de ciclo completo com mais de 2.000 clientes em várias partes do mundo – menos de 0,5% das verificações rejeitadas diariamente pelo programa Liveness, que realiza prova de vida/vivacidade, são resultado de pessoas brincando com seus animais de estimação, capas de revistas, máscaras, brinquedos etc. “Há sempre aqueles indivíduos que tentam invadir o sistema usando bonecas ou a imagem de alguma celebridade. Mas a grande maioria das tentativas de burlar o sistema parte de hackers profissionais, que utilizam métodos cada vez mais elaborados”.
De acordo com o executivo, para fazer frente a tentativas de fraude cada vez mais sofisticadas, o programa que realiza a prova de vivacidade analisa dados biométricos de uma pessoa usando algoritmos de aprendizado de máquina (machine learning) com alta precisão. “O programa pode ser utilizado com seis objetivos distintos, que incluem:
- *KYC (sigla em inglês para conheça-seu-cliente). O Liveness é uma alternativa às verificações regulares de selfie/selfie+ID.
- *Prevenção de fraude em pagamentos. A autenticação facial previne estornos, garantindo que o verdadeiro usuário realize a transação.
- *Autenticação de dois fatores (2FA). Uma verificação biométrica adicional garante uma proteção de conta ainda mais confiável do que senhas ou códigos SMS.
- *Detecção de contas duplicadas. O Liveness pode dizer se um usuário já foi visto antes, impedindo que caçadores de bônus criem várias contas para explorar ofertas de inscrição, promoções, planos de preços etc.
- *Confirmação de ações do usuário. O Liveness garante que o verdadeiro usuário inicie transações, exclusão de contas ou outras etapas importantes.
- *Segurança de entradas físicas. A tecnologia biométrica também pode ser usada para controlar o acesso a portas, portões e outros pontos de entrada.
Esse tipo de sistema, diz Terrengui, une verificação de usuários e negócios, monitoramento de transações, prevenção de fraudes e soluções de gerenciamento de casos em um único painel. “Ao realizar verificações cruzadas dos dados do usuário em todas as etapas e consolidar um perfil de risco, a plataforma passa a combater a fraude durante toda a jornada do usuário. Isso é feito em vários idiomas, de acordo com as regras de cada país”.
Vale ressaltar, por fim, que a parcela de relatórios envolvendo golpes românticos caiu 31%, potencialmente devido à cobertura significativa da mídia sobre esses golpes, após o sucesso de programas como “The Tinder Swindler” e “Inventing Anna”. “Para transitar na era digital de forma segura, devemos firmar um compromisso com a inovação em inteligência de identidade, dando prioridade à proteção do cliente enquanto facilitamos os meios de acesso aos serviços”, afirma Terrengui.
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