O mês de setembro é o escolhido para realizar ações de conscientização sobre as doenças cardiovasculares, pois no dia 29 é celebrado o Dia do Coração. A campanha “Setembro Vermelho” comemora 22 anos de sua criação pela Federação Mundial do Coração com apoio da ONU (Organização das Nações Unidas), mas as cardiopatias continuam sendo um problema global de saúde – apenas no Brasil, de acordo com dados da SBC (Sociedade Brasileira de Cardiologia) há 14 milhões de pessoas com doenças do coração.
Em relação ao grau de mortalidade, as doenças do coração são responsáveis por 30% das mortes no país, isso significa que a cada 40 segundos um óbito é registrado por esta causa, de acordo com dados da pesquisa “Estatística Cardiovascular”, relatório que incorpora estatísticas oficiais fornecidas pelo Ministério da Saúde brasileiro e outros órgãos governamentais, pelo projeto GBD liderado pelo IHME da Universidade de Washington, além de dados gerados por outras fontes e estudos científicos, como coortes e registros, sobre as DCV e seus fatores de risco. Já a estimativa do Ministério da Saúde é que até 2040 o índice deva sofrer um aumento de até 250%.
“A comorbidade que mais contribui para o agravamento dessas doenças é a obesidade”, destaca o cirurgião Dr. José Afonso Sallet, Diretor-Médico e CEO do Instituto de Medicina Sallet, instituto especializado no tratamento da obesidade e doenças metabólicas. De acordo com um estudo da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), a previsão é de que, até o fim desta década, 68,1% da população esteja com sobrepeso, sendo 29,6% com algum grau de obesidade, sendo 9,3% nas classes II e III (grave ou mórbida). “A obesidade aumenta as chances de diabetes e hipertensão, doenças que promovem desequilíbrios hormonais, tendo como consequências o infarto, derrame isquêmico e doença vascular periférica”, completa o especialista.
Um alerta mundial
O problema é global: entre as DCNT (Doenças Crônicas Não Transmissíveis), as doenças do coração são responsáveis por cerca de 45% de todas as mortes ao redor do mundo, o que equivale a mais de 17 milhões mortes por ano, de acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde).
Por outro lado, ainda de acordo com a OMS, cerca de 80% dessas enfermidades podem ser evitadas com ações preventivas, já que os fatores de risco para doenças do coração têm direta relação com o comportamento e hábitos dos indivíduos. Entre os fatores comportamentais que mais contribuem para o infarto do miocárdio, AVCs, trombose e outras doenças cardiovasculares estão: tabagismo, sedentarismo, obesidade, alimentação inadequada e estresse.
“Campanhas de conscientização como o Setembro Vermelho destacam a importância dos bons hábitos, dos cuidados com a saúde e da prevenção”, destaca o Dr. Sallet.
Prevenção de cardiopatias
Para combater os fatores de risco para o surgimento das doenças cardiovasculares são necessários hábitos saudáveis, como a prática regular de exercícios físicos, alimentação equilibrada, não fumar e fazer acompanhamento médico. De acordo com o Dr. Sallet, essa prática “previne, não só as doenças cardíacas, como diminui as chances de outros problemas de saúde de uma forma geral, trazendo bem-estar e qualidade de vida”.
Para aqueles que já convivem com doenças cardiovasculares a orientação é a mesma. Foi publicado em fevereiro deste ano, no Journal of the American College of Cardiology (JACC), um artigo que reforça a importância da atividade física em detrimento da inatividade em pacientes com doença coronariana.
“O exercício físico faz com que tenhamos o coração mais saudável, com maior força de contração do ventrículo esquerdo, contribuindo, dessa forma, para a obtenção de maior longevidade e melhor qualidade de vida”, salienta o Dr. Valdir Pereira Aires, membro do Departamento de Ergometria, Exercício, Cardiologia Nuclear e Reabilitação Vascular da SBC (Sociedade Brasileira de Cardiologia), em declaração ao portal Saúde Brasília.
Em casos graves de doenças cardiovasculares associadas à obesidade mórbida, as cirurgias bariátricas ou metabólicas são indicadas. “O procedimento reduz em até 40% os eventos cardiovasculares agudos, bem como a hipertensão, colesterol e triglicerídeos circulando na corrente sanguínea”, pontua o diretor-médico do Instituto de Medicina Sallet, que destaca que a bariátrica é, atualmente, a maneira mais eficiente para o tratamento da obesidade e para a redução dos efeitos do excesso de peso.
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