De acordo com estudo do Instituto Locomotiva e da consultoria PwC, 33 milhões de brasileiros não possuem acesso à internet, o que corresponde a 20% da população brasileira com mais de 16 anos. O número de desconectados no país ainda é alto para se falar de acesso igualitário à internet – ainda mais quando esse grupo é formado majoritariamente por pessoas negras, que estão nas classes C, D e E, e que são menos escolarizadas.
Zonas rurais, remotas e de difícil acesso são mais afetadas pela dificuldade de conexão com a internet de boa qualidade. Por conta da necessidade de alto investimento para infraestrutura, esses locais exigem esforços para a estruturação de uma rede, pois exige a conexão de rádio, instalação, manutenção das torres e instalação de energia solar. No caso da fibra ótica, que vem sendo bastante utilizada, principalmente em regiões com clima mais quente, é necessária a construção ou o aluguel de postes em uma extensão territorial grande com a finalidade de oferecer uma conexão estável e de boa qualidade.
Segundo o estudo Fronteiras da inclusão digital, realizado pela Anatel e o Programa de Acesso Digital (DAP) do Governo Britânico, 66% da população com 20 mil habitantes não tem acesso à internet, várias barreiras citadas acima são causas desse número ser tão alto e presente em regiões mais afastadas, porém a educação e familiaridade desses moradores também contribui, pois, a forte presença do rádio nessas regiões ainda predomina como veículo principal para acesso a informações.
“Pode parecer insignificante, mas não ter acesso à internet, ou qualquer dificuldade relacionada a isso, traz uma série de prejuízos, principalmente em um mundo onde ela faz parte da nossa rotina. Atualmente, tudo é feito no universo on-line: reuniões de trabalho, aulas, consultas médicas e até compras. Por isso, estar desconectado é também uma forma de estar excluído socialmente”, diz Fernanda Hikawa, gerente de Contas da Zyxel Brasil, multinacional na área da tecnologia.
Uma iniciativa do Ministério das Comunicações, em parceria com a Telebras, traz uma tentativa de solução para a questão: o Wi-Fi Brasil. Por meio da instalação de pontos de internet e roteadores em instituições e locais públicos, o programa do Governo Federal tem objetivo de levar a internet a localidades no país com pouca ou nenhuma conexão.
A medida já é um passo para a mudança, mas pode ser otimizada através do uso da tecnologia de access points, dispositivos utilizados para estender a cobertura de internet sem fio. A ideia principal desta tecnologia é levar para esses locais internet de boa qualidade, assemelhando-se a smart cities (Cidades Inteligentes), onde vários locais possuem pontos de acesso à internet que permitem conexões e integrações com diversos serviços públicos. Um exemplo de uso dessa tecnologia é o caso da cidade de Tarumã, no interior de São Paulo, onde foram instalados mais de 120 access points. O projeto foi inspirado em Smart Cities da Europa e oferece internet sem fio gratuita para cerca de 15 mil habitantes. Ainda, a iniciativa contribui para avisar o município sobre campanhas de vacinação e oferecer outros serviços públicos.
“O Brasil necessita de tecnologia acessível e inteligente para transformar locais públicos em áreas conectadas, tanto para cidadãos como para a gestão. O investimento em access points vem crescendo fortemente nos últimos 5 anos. Um access point inteligente pode se conectar com mais de 500 dispositivos em um raio aproximado de 200m2 de maneira uniforme e segura, minimizando o investimento em infraestrutura”, diz Fernanda Hikawa
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