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Superando uma depressão profunda

A depressão e o namoro

Psicólogo Flávio Melo Ribeiro
CRP12/00449
flavioviver@gmail.com (*)

Por muitos anos atendi pacientes com depressão. Em alguns casos, a pessoa tinha a personalidade depressiva, desde nova se percebia para baixo, não acreditava em si. Também é comum apresentar uma séria de enfermidades no decorrer da sua vida. Em outros casos, a pessoa que apresentava bom humor entrou em depressão em função de um acontecimento traumático. Esse artigo é voltado para esses pacientes. Você encontra mais informações sobre depressão no blog www.flaviomeloribeiro.com.br.

Algumas dessas pessoas já apresentavam algumas características depressivas, mas nunca tinha apresentado nenhum evento depressivo até então. Outras não tinham traços depressivos na sua personalidade, mas a culpa no evento traumático foi tão severa que perdeu o sentido do seu futuro. Por anos pensava diariamente no fato e no que poderia ter feito diferente para mudar o ocorrido. A dificuldade de superar a culpa está entre as mais difíceis, pois não se pode alterar o passado, apenas o significado que se tem dele.

Anos atrás atendi uma paciente que já apresentava depressão há alguns anos. Quando questionada se lembrava de quando começou esse problema, me contou a seguinte história: tinha um filho depressivo que frequentemente ameaçava cometer suicídio, fato que a mobilizava para atendê-lo imediatamente. Por anos isso se repetiu. Ele fazia tratamento, mas quando ficava mal sempre se reportava a ela. Os conhecidos consideravam que ela o superprotegia e que não deveria lhe dar tanta atenção, mas ela continuava atendendo os chamados do seu amado filho. Com o tempo, foi construindo um medo de que isso realmente poderia acontecer e por isso entrava em contato com ele sempre que solicitada, mesmo morando em uma cidade distante. Porém, um dia ela resolveu fazer o que os conhecidos lhe recomendavam, ou seja, não atender o telefonema do seu filho e, com isso, o deixar enfrentar seus “pesadelos”. Mais tarde recebeu a notícia que ele tinha cometido suicídio.

Imediatamente construiu uma culpa enorme, não aceitava o fato de não ter atendido o telefonema do filho. Por mais que os amigos e parentes lhe confortassem, dizendo que ela tinha feito tudo que lhe estava a seu alcance, ela passou a apresentar um pensamento cativo de culpa. Um pensamento não lhe abandonava: acreditava que seu filho ainda estaria vivo caso ela tivesse agido diferente. Por anos, diariamente remontava a cena em sua imaginação, ela atendendo o telefonema e os inúmeros desdobramentos em que sempre seu filho estava vivo e bem. Realmente foi um golpe muito forte. Num caso assim, como criar a possibilidade de ela ultrapassar o “portal da esperança”? Como constituir um novo ponto de vista sobre o problema que pudesse ultrapassar essa depressão? A continuação desse artigo você encontra no blog www.flaviomeloribeiro.com.br.

Psicólogo Flávio Melo Ribeiro
CRP12/00449

A Viver – Atividades em Psicologia desenvolveu programas psicoterapêuticos que possibilitam ser trabalhados em grupos e individual.
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Nesse caso, a melhor alternativa de trabalho foi introduzi-la num grupo de tratamento de depressivos. Além das sessões de psicoterapia, muitos dos participantes reuniam-se durante a semana, se preocupando em conhecer e apoiar uns aos outros. A ajuda dada por alguém que está passando pelo mesmo problema é bastante saudável. Uma frase dada por alguém em quem se espelha é muito mais significativa do que mil frases dita por alguém que apenas quer lhe ajudar, mas não se identifica realmente com o problema. Esse é um dos pontos altos do trabalho em grupo.

Mas psicologicamente o que fazer? Ela precisava superar a culpa. Para isso foi preciso ressignificar sua relação com seu filho, e não apenas o fato de ela não ter atendido o telefonema. Foi necessário levantar quem era ela, não apenas como mãe, mas como mulher, como uma pessoa no mundo que está construindo sua vida. Compreender também quem era seu filho (que já tinha quase 40 anos de idade), que, além de filho, tinha outras relações, era casado, tinha filhos, amigos, trabalho e que a personalidade dele não foi talhada apenas pela relação mãe/filho. Ela precisava entender e aceitar que as decisões dele ultrapassavam essa relação e que, por maior que seja a dor de perder um filho, ela tinha outros filhos para se dedicar.

Não é apenas com conversas que se trabalha num grau profundo da personalidade, a ponto de dar outro significado ao passado. É necessário utilizar técnicas em que a pessoa se reconheça diferente. Pois não é o Psicólogo quem dá outro significado à vida do paciente, mas o próprio paciente consegue perceber seu passado por meio de outro ponto de vista, a ponto de alterar como se vê no presente. Ao fazer isso, consegue antecipar um futuro positivo. Nesse sentido o grupo é um facilitador para aplicação dessas técnicas.

Com o passar do tratamento, o perfil de liderança que essa paciente já apresentava na sua personalidade foi ultrapassando a depressão. Começou a ajudar outros colegas que passavam pelo problema também causado por acontecimentos traumáticos e de culpa profunda. Voltou a sentir-se útil e a ver um novo sentido na sua vida. Provavelmente não vai esquecer do acontecido, nem da saudade do seu filho, mas as lembranças não tinham mais o peso que a culpa lhe causava. Com os sofrimentos severos que as pessoas passam, não é mais possível zerar as lembranças, como num computador. Mas é possível dar uma outra oportunidade para uma nova vida.

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