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Opinião: Maturidade

A idade traz experiência. É verdade. Traz também “experiências” que se incorporam ao nosso inconsciente como pequeninos softwares. Surgida uma situação similar àquela que já vivenciamos, o programa tem início. Lembramos-nos dos momentos bons que vivenciamos como se estivéssemos revivendo os momentos passados. Chegamos a ouvir sons, sentir gostos e cheiros.

O problema é que esses pequenos softwares não trazem apenas coisas boas. Trazem também momentos tristes e lembranças ruins. Não é possível desligá-los. Nem mesmo sabemos com exatidão o que os faz funcionar. Pode ser um cheiro, uma música, um lugar, uma pessoa, um gesto, um sorriso, uma paisagem ou um quadro. Normalmente são coisas que não ocasionam perigo, mas por alguma razão servem de detonadores de bombas emocionais que arrasam o nosso coração.

Trazem para o presente a tristeza, a angústia e o medo sentidos no passado. Voltam com força total e de maneira irracional acabam por motivar as nossas ações. É o passado comandando o presente e condicionando o futuro.

Infelizmente não somos computadores. Não é possível formatar o HD e implantar novamente todo o sistema operacional. Temos que aprender a conviver com esses programinhas mal intencionados e procurar utilizá-los a nosso favor. As lembranças tristes e ruins servem de alerta para não repetirmos os erros passados. Apenas precisamos retirar o automatismo que esses softwares implantam em nossas condutas. Precisamos temperar a força do sentimento com o poder da razão e utilizar ambos para fazer as nossas escolhas.

Essa é a grande mágica de envelhecer. Lentamente passamos a aprender a usar a informática da vida. Passamos a identificar os softwares que iniciam automaticamente e instalamos outro programa. Ele não apaga os demais. Apenas impede que comandem automaticamente nossas ações. Eles passam a piscar na tela do “nosso computador” alertando para situações potenciais de perigo. O novo software passa a exigir um comando do operador para que os demais entrem em funcionamento. Infelizmente ele não se encontra nas prateleiras para ser adquirido e tem um fornecedor exclusivo: o tempo. Ele se chama maturidade.

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