Cheguei praticamente na metade de minha vida. Esse é um momento no qual diversas reflexões me assolam. Fui pai tardiamente. Tenho dois filhos pequenos e, se quiser vê-los encaminhados, preciso chegar aos setenta em boa forma.
Para poder brincar com os netos creio que tenho que estar em forma aos noventa. É uma tarefa extremamente difícil para quem nunca se cuidou e está com sobrepeso.
Como diz o ditado, “antes tarde do que nunca”, melhorei a qualidade da alimentação e passei a fazer exercícios físicos diários. Ter a família como meta justifica esses “sofrimentos”, antes impensáveis, e até os torna agradáveis.
Outra preocupação é com a morte. Observo que pessoas de minha idade falecem. Sei que isso pode parecer óbvio, pois todos morrem um dia. O falecimento de pessoas conhecidas, e que tem a minha idade, no entanto, traz a morte para perto.
Passou a ser algo palpável, mais próximo. Enfarto e AVC entraram nas conversas do cotidiano. Como deixar a família resguardada em caso de minha ausência também tem sido preocupação presente nas conversas com os amigos.
Também leio textos que tratam do tema da morte. De um modo geral os textos dizem que precisamos ser bons. Os ateus dizem que nada existe após a morte e, por isso, precisamos ser bons aqui e agora. Os religiosos afirmam que após a morte existe a vida eterna ou que reencarnamos. Esses têm a clara noção de que “passamos dessa para a melhor”, como diz o ditado popular.
Caí na asneira, no entanto, de ler Luiz Felipe Pondé, e ele faz uma indagação exasperadora para quem tem as mesmas indagações que eu.
Segundo ele, pode haver vida após a morte e essa vida ser péssima. Como ninguém voltou para contar como é, essa é uma possibilidade plausível. É isso que dá ler filosofia. O homem não resolveu o meu problema e trouxe um novo: a possibilidade de não apenas morrer, mas de, após a morte, viver uma vida horrível, da qual não se escapa nem mesmo morrendo, porque o indivíduo já morreu. Dependendo das pessoas com quem tivermos que conviver, a vida eterna poderá ser uma agonia sem fim.
Depois de ler isso, deixei minhas preocupações “pra lá”. Vou fazer o que posso para ter uma velhice saudável, e estar rodeado das pessoas que amo no momento da minha morte. O que vier inevitavelmente virá e nada poderei fazer quanto a isso.
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