Tempos atrás cometi uma gafe daquelas. Fiz uma viagem aos Estados Unidos, e planejava encontrar um grande amigo que lá reside. Pretendia ir à Nova Iorque, e logo percebi que seria fácil visitá-lo, pois ele reside em Boston. Passagens compradas e tudo o mais, liguei para o amigo para combinar. Somente nesse momento me dei conta que ele mora na cidade de Chicago. Fiz uma confusão escatológica.
Americano não entende como brasileiro confunde Chicago com Boston, e foi difícil explicar o equívoco. Apesar de tudo, a intenção de conhecer a cidade permanecia, mas fui surpreendido pela notícia da bomba que lá explodiu.
Obviamente o roteiro mudou, mas não consegui deixar de pensar no assunto. Penso nele sempre que leio acerca de qualquer atentado terrorista. Diversas pessoas feridas ou mortas. Dor estampada em todo o lado. Adultos e crianças, jovens e velhos, homens e mulheres, negros e brancos, todos foram atingidos sem qualquer distinção.
Trata-se de violência inclusiva. É dirigida a todos com igual proporção. Não importa se são pessoas boas ou más, ricas ou pobres, americanas ou estrangeiras, cristãs ou muçulmanas. Basta passar na frente daquilo que foi concebido como um alvo passível de causar o maior número de vítimas, que todos têm o direito de serem trucidados pelo ato tresloucado. Não há possibilidade de argumentar ou se defender. É selvageria sem direção.
Os autores do atentado certamente têm alguma desculpa para a prática de seus atos. Pode ser o ataque ao imperialismo ianque, ou ao governo americano. Provavelmente se consideram guerreiros que lutam romanticamente por um ideal.
A verdade, no entanto, é que não há qualquer justificativa para que pessoas inocentes sejam assassinadas. Guerreiros não matam pessoas indefesas, e não existe romantismo em homicídio. Somente mentes doentes conseguem justificar o assassinato dessa maneira.
Parafraseando o escritor inglês Gilbert Keith Chesterton, pode-se dizer que todo o homem que está disposto a matar ou morrer por uma ideia é porque dela não tem uma ideia muito clara.