Recebi de um amigo uma foto antiga. Foi tirada há mais de vinte anos. Nela, além de mim, estava um grupo de jovens que fora estudar inglês no exterior com o Phil Young. Não era somente na escola de inglês. Era com o Phil mesmo. Ele também estava na foto, e era o professor da minha turma.
Vendo o meu rosto jovem e ingênuo, sem quaisquer rugas, entrei em uma onda de saudosismo. Senti saudades daquela época. As coisas eram mais simples. Iniciando a faculdade de Direito. Poucas obrigações. Muitos sonhos. Praticamente três meses de férias. Brincando de músico em bandas de garagem. Pensando bem, eram de garagem enquanto eu estava nelas. Foi só eu sair que a turma fez sucesso na cidade. As duas bandas. A “Displicência” e o “Atrito”. Certamente fiz uma boa opção em encerrar a carreira de músico, e me dedicar ao Direito.
Foi, no entanto, importante lembrar essa época. Fechando os olhos pude rever mentalmente vários dos amigos que hoje só encontro no Facebook. Lembro-me do rosto de todos eles. Para mim parece que não envelheceram. Consigo revê-los com os cortes de cabelo esquisitos e as roupas, que hoje parecem ridículas, que usavam: Cristóvão, Baby, Alexandre, Maurício, Carlos, Afrânio, Digo, Carla, Milane, Dani, Lu e todos os “Marcelos”. Marcelo era um nome tão comum que certa vez havia sete na mesma sala. Todos eram chamados pelo sobrenome. Lembrei também do Clóvis que já se foi, e de muitos outros.
Enquanto escrevia fui revendo tudo e todos, e lembrando dos velhos anos 80. Para mim foi vida, e não uma festa “flashback”. O primeiro beijo no banco do colégio. Os campeonatos de tênis, em que viajávamos na Kombi. A tradicional viagem para o Rio de Janeiro do Colégio Bom Jesus na oitava série. Os vários amores que eram pra sempre, mas que mal duravam um mês. A festa em que impulsionados pelo videoclipe de Michael Jackson, fomos vestidos de “gangue” usando jaqueta e óculos escuros. As rodas de violão na praia e na casa da Maria José. O meu coração foi se enchendo com a sensação de que aquela época foi a melhor de toda minha vida.
Subitamente sinto algo cutucar o meu pé. Era uma mão “pequenina”. Olho para baixo, e vejo o Pedro sorrindo debaixo da escrivaninha querendo brincar. Creio que foi Deus que encontrou essa doce maneira de ajudar a terminar o artigo e também de lembrar-me que o momento em que sou mais feliz é agora.