Acordei e ela ainda dormia O sono fez com que o pijama se deslocasse e eu pudesse ver sua barriga. A pele alva, sem nenhuma mancha. O sono sem preocupação, de quem sabe que está protegida. Moveu-se um pouco. Virou para o lado. Fez um barulho de preguiça. Estava quase acordando.
Abriu os olhos lentamente. Todos dizem que são castanhos, mas eu os vejo esverdeados, quando a luz do sol bate. Os cabelos desgrenhados, de quem acaba de acordar, pareciam milimetricamente desarrumados. Estava mais linda do que costuma ser. Talvez fosse a penumbra. Não sei dizer ao certo o porquê, mas foi um momento sublime, repleto de amor e carinho.
Ela olhou o quarto devagar, tentando reconhecer onde estava. Parecia um pouco assustada, até que me viu. O sorriso foi gostoso. Daqueles que não se consegue esquecer. Espreguiçou-se. Virou para um lado, depois para o outro. Quase voltou a dormir, mas ouviu um pequeno barulho e isso aguçou a sua curiosidade.
Ameaçou levantar-se da cama, mas a preguiça foi mais forte. Colocou a mão pequena em meus cabelos. Depois desceu pelo meu rosto. Eu só pensava em abraçá-la e beijá-la, mas ela recusou meus beijos e abraços.
Em vez disso, sentou-se em minha barriga e começou a pular. Abriu aquele sorriso banguela, que tanto amo, com cara de quem queria brincar de cavalinho. Ela sabe conseguir o que quer. Somente ela para fazer o pai brincar mesmo com sono.
Em seguida, foi a vez da guerra de travesseiros. Ela mal consegue levantá-los. Acabou de completar um ano, mas acha que é a gladiadora da família. Ergue o travesseiro com cara de quem está fazendo muita força e bate. É um carinho, mas finjo que a pancada foi séria. Ela ri gostoso quando me derruba. Aquela risada que só os nenéns conseguem dar.
Sei que preciso aproveitar. O tempo passa rápido. Muito mais do que deveria. Queria que cada um desses momentos com a minha pequena durassem para sempre ou que pudesse guardá-los em uma caixinha para revivê-los sempre que batesse saudades.
Vou aproveitar como puder a vida ao lado da Martina, nossa pequena guerreira. Como diz minha esposa, temos de agradecer a Deus pela nossa filha. Ela veio para ensinar que o amor se multiplica. É o que todos sentimos em nossos corações.