Todo jornal e revista brasileiros precisam criar espaço ou uma seção destinada exclusivamente para a opinião do denominado cidadão comum.
Alguns já possuem colunas, mas as matérias nelas veiculadas são restritas a pessoas renomadas, seja pelo destaque na sua área de atuação profissional, seja por terem seus rostos conhecidos na televisão.
Isso não diminui a importância dos seus posicionamentos, mas alimenta uma cadeia um tanto viciada de parecer que só têm posições, opiniões e ideias relevantes pessoas detentoras de notoriedade pública e que representam um segmento social já prevalecente sobre as demais camadas da sociedade.
Essa falta de acesso também escancara o preconceito sobre pessoas pobres, por nunca se levar em conta suas capacidades interiores nem seus raciocínios, muito menos suas visões diversas sobre a humanidade. Enfim, essa camada da população fica impossibilitada de externar seus sentimentos e suas análises para que seus posicionamentos em todas as questões que envolvam o homem no mundo fiquem sob o jugo de todos.
Esse pouco caso está presente na maioria dos meios de comunicação. Está presente no rádio, na televisão, nos blogs, nos sites e em qualquer espaço destinado às manifestações do cidadão.
Os espaços dos leitores só publicam comentários relativos às matérias publicadas nos veículos, forçando uma limitação de ideias e de espaço. Os maiores não passam de cinco metades de linhas, pois esses espaços têm como característica ficarem em cantos de páginas.
Claro que não se pode exigir que publiquem qualquer coisa, sem consistência, sem detalhamento, sem nexo ou sem uma análise do conteúdo por parte dos editores. Não é isso. Mas, após essa avaliação, muitos textos de pessoas simples darão uma contribuição muito grande. Ao menos as narrativas trariam análises mais realísticas, devido ao convívio diário, sobre como vivem, o que fazem e pensam milhões de pessoas.
Nesses tempos em que as pessoas passaram a jogar o jogo abertamente, em recente artigo numa revista, a excelente atriz Joana Fomm escancarou seu pedido de emprego. Devemos seguir esse exemplo para reivindicarmos espaço em todos os meios de comunicação, reservado exclusivamente aos cidadãos comuns.
Como estão hoje, as seções abertas ao público externo não visam à divulgação de ideias inovadoras, mas apenas disfarçam uma “pseudo” abertura com textos só de renomados ou famosos, com o único objetivo de angariar público e recursos financeiros.
De Pedro Cardoso da Costa, colunista do Por Dentro de Minas
Bacharel em Direito
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