Por um período de quase três décadas como psicólogo acompanhei uma mudança muito grande na cultura e relações sociais quanto a aceitação ou não da homossexualidade. Atualmente, as gerações mais novas aceitam com tranquilidade, e veem as relações entre o mesmo sexo como uma das possíveis relações que eles ou os amigos podem vir a ter. Mas vivemos num mundo com diversas gerações que constituem com força a moral e os costumes de uma mesma época e consequentemente gerando conflito. Esse embate aparece, mesmo quando há aceitação de um mesmo fato, pois ele é analisado e compreendido por ponto de vistas diferentes. Essas divergências tendem ao isolamento das posições, não ajudando a superação. E como ficam os pais, citados no artigo de semana passada, diante da escolha por parte do seu filho da homossexualidade como orientação sexual?
Em primeiro lugar, quando se utiliza das expressões: escolha, gosto ou orientação no aspecto psicológico, se está falando de algo complexo, dinâmico e geralmente histórico. Ao se dizer que um jovem assumiu ou escolheu uma orientação sexual, tanto heterossexual como homossexual, por exemplo, se está falando, no mínimo, de contextos neurofisiológicos, psicológicos, micro-social e sociológico. E portanto, os pais, ou os responsáveis, não deveriam se sentir culpados, pela escolha do filho. Atrair-se, ou gostar de uma outra pessoa é um conjunto de educação, hormônios, significados, expectativas, odores, formas, interesses, interpretação, reflexões, imaginações e fortemente a emoção. Como diz Rita Cartez na sua obra o livro do Cérebro “As técnicas de imageamento cerebral são de dois tipos: o imageamento anatômico, que fornece informações sobre a estrutura do cérebro, e o escaneamento funcional, que permite que se observe como o cérebro funciona. Usadas em conjunto, essas técnicas revolucionaram a neurociência… Ao revelar como as diversas funções agem de forma conjunta, o imageamento também nos dá uma amostra de alguns dos aspectos mais sofisticados da psicologia humana. Por exemplo, ao observar o cérebro de uma pessoa tomando uma decisão, vemos que aparentemente as decisões racionais são conduzidas pelo cérebro emocional.” A neurociência constatou que por mais que uma decisão possa parecer totalmente racional, ela na realidade está impregnada de emoção. Caro leitor, tente imaginar o quanto emocional é uma “escolha” de orientação sexual. Diante dessa situação o que os pais podem agir? Procurem compartilhar esse artigo, pois sei que existem muitos pais vivendo essa situação com sofrimento. No artigo de semana que vem serão detalhados esses pontos.
De Psicólogo Flávio Melo Ribeiro, colunista do Por Dentro de Minas*
CRP12/00449
A Viver – Atividades em Psicologia desenvolveu programas psicoterapêuticos que possibilitam ser trabalhados em grupos e individual.
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