A investigação conduzida durante três meses pela Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) e pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) resultou na identificação e na prisão de três homens e mais de 300 quilos de substância semelhante a cloridrato de cocaína, em Itatiaiuçu, Região Metropolitana de Belo Horizonte. A ação, ocorrida no último sábado (23), no km 537 da BR 381 (Rodovia Fernão Dias), contou com o apoio da Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Conforme explicou o delegado da PCMG, que presta serviço no Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco/MG), Antônio Júnio Dutra Padro, “a Operação denominada Conexão recebeu esse nome em razão da atuação dessa organização criminosa em mais de um estado da federação. As investigações demonstram que o esquema criminoso estava conectada em, pelo menos, quatro estados. As drogas eram negociadas e adquiridas no Mato Grosso do Sul, seguiam pelo Paraná até São Paulo e, posteriormente, para Minas e outras regiões, principalmente o Nordeste brasileiro”.
Ainda segundo Prado, os três presos durante a ação policial são empresários em São Paulo, sendo um deles dono de transportadora de cargas e os outros dois, sócio proprietários de postos de combustíveis e de uma rede de lojas de conveniência. “Há indícios de que essas empresas estejam sendo usadas como fachada para acobertar a prática desses crimes e para a lavagem de dinheiro”, acrescenta o delegado.
Na tarde da última sexta-feira (22), os policiais envolvidos na investigação descobriram que os suspeitos estavam planejando o deslocamento da carga de São Paulo para Minas Gerais, momento em que iniciaram o monitoramento ininterrupto da movimentação dos investigados.
Foi verificado que o veículo onde estavam os empresários (donos de postos de combustível) seguia à frente fazendo a escolta da carreta que transportava a droga. O carro, ocupado pelos dois suspeitos, foi o primeiro a ser abordado pelos policiais. Cerca de 20 minutos depois, a carreta foi interceptada. A droga estava escondida em um compartimento localizado na parte superior do baú da carreta. “As drogas eram transportadas como cargas lícitas (tubos plásticos, madeira, arroz, grãos), acobertadas por notas fiscais, com origem e destino válidos”, ressalta Prado.
De acordo com o delegado do Departamento Estadual de Combate ao Narcotráfico (Denarc) Rodolpho Machado, “o condutor da carreta, chamado de ‘mula’, aponta claramente toda a situação e indica o envolvimento dos demais investigados. O motorista da carreta (que é dono de transportadora) também confirma que receberia o valor de R$ 10 mil para fazer o transporte da droga”.
A carga apreendida estava distribuída em embalagens com a ilustração de uma cédula de R$ 100, que contém uma carpa. A escama de peixe faz alusão ao alto teor de pureza da cocaína.
A promotora do MPMG Paula Ayres chamou a atenção para a complexidade das investigações e ressaltou: “Esse trabalho de parceria entre as instituições (PC, MP e PRF) é uma prova conclusa de que precisamos trabalhar integrado. Nessa ação foi possível, além da apreensão da droga, a prisão do principal chefe desse esquema criminoso”.
O inspetor da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Anderson Damaceno reforça a fala da promotora. “Sem o trabalho qualificado de integração com os órgãos de investigação, com a Polícia Judiciária, nós não vamos chegar às quadrilhas. Não adianta a gente atuar apenas na ‘ponta’ sem que haja todo esse trabalho coordenado”, finaliza.
As investigações prosseguem a fim de identificar os responsáveis pela distribuição das drogas em Minas Gerais ou mesmo se a carga seria encaminhada para outra região do país. Os suspeitos irão responder por associação e tráfico de drogas, com acréscimo de um terço na pena pelo fato de o entorpecente ser transportado entre estados da federação.
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