O Coronavírus acabou com o Direito Público brasileiro. É um fenômeno natural. Esse ramo do direito já vinha sendo afrontado diuturnamente pelo Poder Judiciário, em especial pelo Supremo Tribunal Federal.
A afronta corriqueira ocorria por causa de uma corrente de pensamento denominada ativismo judicial, que, de um modo simplificado, parte do pressuposto de que o que importa são os fins e não os meios. Em resumo, trata-se de um maquiavelismo judicial, que permite ao juiz decidir contrariamente à lei quando não gosta dela. Os juízes passaram a ser “bonzinhos”.
Agora governadores e prefeitos decidiram ser “bonzinhos” também e deixaram os juízes em maus lençóis. Tomaram medidas que não tem competência para tomar, em nome da saúde. Viva a saúde, abaixo o capital. A saúde é mais importante que a economia e por aí vai.
Na maior parte das vezes fizeram isso por Decreto, apesar de a Constituição ser bastante clara que ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei. É por uma boa causa. Dane-se a legalidade. Vamos salvar vidas.
Partindo desse pressuposto decretaram um “lock down” e, como ocorreu em Santa Catarina, por exemplo, mandaram a polícia fechar o comércio, impediram o transporte coletivo de funcionar, fecharam o estado para a entrada de outros brasileiros, dentre outras medidas de força.
Os juízes, quando chamados a decidir, de tanto serem bonzinhos, se acovardaram. Como poderiam dizer que algo que é para o bem da população é inválido, mesmo sendo tão ilegal e inconstitucional que nem precisa estudar direito para perceber. Afinal, todos já ouviram falar no direito de ir e vir e na liberdade de exercer a sua profissão.
Quando chamados a decidir proferiram decisões sem qualquer fundamento jurídico, citando genericamente apenas a necessidade de combater a pandemia.
A situação em que vivemos me faz lembrar a tradicional história do moleiro de Berlim. Reza a lenda que o rei da Prússia pretendia remover um moinho de lugar e que o moleiro admoestou o rei dizendo-lhe que ainda há juízes em Berlim. Perante a lei ambos seriam iguais.
É isso que espero ver. Um estado no qual eu possa dizer que ainda há juízes, e que esses demonstrem aos tiranetes de plantão que os meios são tão importantes quanto os fins.
GRUPO COM NOTÍCIAS DO POR DENTRO DE MINAS NO WHATSAPP
Gostaria de receber notícias como essa e o melhor do Por Dentro de Minas no conforto por WhatsApp. Entre em grupos de últimas notícias, informações do trânsito da BR-381, BR-040, BR-262, Anel Rodoviário e esportes.
Ao entrar você está ciente e de acordo com os termos de uso e privacidade do WhatsApp.
Acompanhe o Por Dentro de Minas no YouTube
Assista aos melhores vídeos com as últimas notícias de Belo Horizonte e Minas Gerais. Informações em tempo real.