O tradicional programa de televisão “Big Brother” está recomeçando. Mas poucos já se questionaram acerca da origem do nome da atração televisiva, que quer dizer “Grande Irmão”. Trata-se de um termo extraído do livro “1984”, do autor inglês George Orwell. A história, escrita na primeira metade do século passado, procurar antever a vida dos seres humanos no ano de 1984. O retrato é desesperador. A sociedade seria governada pelo grande irmão que a conduziria a ferro e fogo, como o líder “do partido”.
As pessoas viveriam amedrontadas, pois os indivíduos sofreriam a fiscalização da polícia do pensamento, que controlaria os cidadãos por intermédio de um aparelho, misto de câmera e televisão, existente em todas as residências. As crianças, incentivadas pela escola, fiscalizariam os próprios pais. Os jornais diariamente publicariam a foto de um herói infantil, que teria denunciado seus genitores. A família tornar-se-ia uma extensão do órgão fiscalizador máximo: a polícia do pensamento.
Punir-se-ia o pensar. Aquele que pensasse diferente das ideias transmitidas diariamente pelo partido seria punido por cometer um ideocrime ou crimideia. A punição seria não somente o “sumiço” da pessoa, mas também o seu completo desaparecimento da história. Não haveria uma história fixa, pois seria remodelada constantemente. Apagar-se-iam quaisquer registros de personagens e fatos que não correspondessem com a história oficial. Isso seria feito pelo “Ministério da verdade”, que, na realidade, criaria a verdade de acordo com os desígnios do grande irmão.
Haveria um Ministério destinado exclusivamente a reescrever o idioma. As palavras consideradas “subversivas” seriam retiradas do léxico para impedir que, no futuro, as pessoas cometessem os crimes de pensamento. Não haveria como expressar os sentimentos de frustração e revolta se não houvesse palavras para tanto. O número de vocábulos de utilização permitida tornar-se-ia menor a cada ano. A propriedade privada não existiria. Enquanto membros do partido possuiriam tudo. Oficialmente a mansão na qual morariam e o carro que utilizariam seriam do povo. Do mesmo modo se justificariam os privilégios, que apenas serviriam para que os membros do partido pudessem desempenhar suas funções. Tudo em nome do bem comum.
Ao que parece, é a essa história que o termo “Big Brother” remete. O telespectador é convidado a atuar como o “Grande Irmão”, que tudo sabe e tudo vê e pode punir os participantes por seus atos e pensamentos, expulsando-os da casa.
A antecipação do momento tecnológico atual, feita por George Orwell, é impressionante. O uso de equipamentos da vida moderna, como cartões de crédito e celulares, permite que se saibam os hábitos de consumo e os locais por onde cada cidadão esteve. O avanço dos meios de comunicação e locomoção criou um padrão global de conduta e pensamento, intitulado globalização, que exclui como párias aqueles que ousam discordar do status quo.
Criou-se também um sistema espontâneo de redução do idioma: a linguagem dos internautas. “Um beijo” passa a ser “bj”, saudades passa a ser “sds”, distanciando o vocábulo do sentimento que visa expressar. O conhecimento humano passou a ser armazenado na internet, que interligou os computadores do mundo, e é a única fonte de consulta e pesquisa utilizada pelos jovens. Diante desse panorama, reescrever a história torna-se cada vez mais fácil. Não seriam necessários os milhares de funcionários do Ministério da Verdade para reescrever os livros. Um software adequado resolveria o problema. As odiosas telas, retratadas por Orwell, foram adquiridas voluntariamente pelos cidadãos sob a forma de computadores e televisões.
Diante dessas constatações, ao finalizar esse artigo, olhando para a tela do computador e a webcam, só resta ao articulista torcer para que realmente o telespectador seja o “Grande Irmão”. Se não for essa a razão do nome do programa, é porque pode ter alguém espiando por aqui.
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