Peemedebistas que já se declararam contrários ao governo deram hoje (9) o primeiro passo para tentar substituir o deputado Leonardo Picciani (RJ) da liderança do PMDB na Câmara, e que é aliado do Palácio do Planalto. Com 35 assinaturas, o grupo de parlamentares protocolou o pedido na Mesa Diretora para que o deputado federal Leonardo Quintão (MG) assuma a vaga. Quintão já era o mais cotado pela ala insatisfeita do PMDB, conforme noticiou ontem (8) a Agência Brasil. Não é preciso eleição para escolha do líder. Com isso, a troca é automática.
O grupo reuniu o apoio formal de metade mais um dos deputados que compõem a bancada – hoje com 66 parlamentares. O estopim para a mudança foi a lista de nomes do PMDB que Picciani apresentou para compor a comissão especial que vai analisar o pedido de impeachmentda presidente Dilma Rousseff. As vagas são disputadas por integrantes do partido aliados do governo e nomes ligados ao presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que desde o fim do primeiro semestre anunciou rompimento pessoal com o Palácio do Planalto.
Insatisfeitos com as indicações, uma ala da legenda chegou a acusar Picciani de descumprir um compromisso firmado com a bancada, que previa que metade dos nomes (quatro) fossem escolhidos entre parlamentares favoráveis ao processo e a outra metade entre mais aliados ao governo. De acordo com o grupo, Picciani “atropelou” a bancada e fechou uma lista que foi construída com o Planalto.
Ontem (8), parte do PMDB se uniu publicamente à oposição na composição de uma chapa alternativa, que acabou vencendo a tumultuada eleição para compor a comissão. Em plenário, a chapa 2, intitulada Unindo o Brasil, venceu por 272 votos contra 199.
O PCdoB recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra a eleição, que resultou na vitória da chapa formada pela oposição e dissidentes da base governista. O ministro do tribunal Edson Fachin concedeu liminar para suspender o processo de impeachment na Câmara. O partido também questionou a votação que foi secreta alegando que a Câmara está descumprindo regras previstas na Constituição. Segundo o PCdoB, a composição do colegiado especial teria que ser feita por indicação de líderes e escolhida por voto aberto.
PMDB
Indicado para a vaga de líder do PMDB na Câmara, Quintão evitou afirmar que Picciani não estava conseguindo amenizar humores dentro da legenda em função de sua proximidade com o governo. Entretanto, afirmou que conduzirá a liderança “à unidade” e em conjunto com Senado e Executiva do partido.
“A troca foi motivada pela [vontade] da maioria do partido. Toda decisão partidária de qualquer líder tem de representar a maioria do partido. Não tenho posição para lado A ou B. Vou tomar decisão na Câmara com a maioria do partido”, afirmou.
Darcísio Perondi (RS) destacou que Quintão está no sexto mandado e tem experiência na “administração de conflitos”. Acrescentou que é obvia a relação da troca com a proximidade de Picciani com o governo. “É óbvio que tem ordem política. Respeitamos o líder anterior. Ele nos comandou em momentos muito difíceis, mas fez uma administração direta com a presidenta Dilma e estamos focado em uma agenda que é a ‘Ponte para o Futuro’”, concluiu.
Carolina Gonçalves – Repórter da Agência Brasil
Edição: Carolina Pimentel
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