Muitos dizem eu te amo. Mas será que essas pessoas sabem verdadeiramente o que significa amar e o que é o amor? Será possível explicar o amor?
Eu creio que não. O amor não se explica. Se vivencia. E cada um vive o amor a sua maneira. Amar é crer na pessoa amada. É respeitá-la acima das diferenças. É amá-la justamente pelo que tem de diferente. É gostar até mesmo dos defeitos. O amor não se compra em porções. Não se ama apenas um pedaço do ser amado. Ama-se o todo. Com suas imperfeições.
É algo como uma pedra bruta lapidada por um artista. Pode ter suas asperezas suavizadas, mas não se altera a essência. O mármore bruto tem a mesma consistência do mármore lapidado. Embora a pedra lapidada possa ter uma aparência mais agradável, continua a ser o mesmo mármore. Isso é amar. Quem ama, ama o mármore e não a escultura nele feita.
Amar é mesmo comparável à arte. Amar é ajudar o outro a lapidar o seu mármore. É ajudá-lo a tornar a pedra bruta uma escultura. E se a escultura não for tão bela, continuar amando, porque ama-se a essência, com suas imperfeições.
Quem ama não procura transformar o mármore em granito. Tampouco procura esculpir na pedra alheia. Quem ama deve servir de inspiração para que o ser amado lapide-se a si próprio tornando-se um ser melhor e deve inspirar-se no ser amado para curar suas asperezas.
Amar de verdade é progredir. É inspirar-se no outro para seguir em frente e servir de inspiração para que ele faça o mesmo. Amar é construir, pois o verdadeiro amor não destrói.
O amor que destrói não é o verdadeiro amor. É outra coisa. Lapidar a pedra alheia não é o verdadeiro amor. É intolerância. Transformar mármore em granito não é o verdadeiro amor. É dominação. Mas se isso não é o amor, porque tantos tentam em nome dele modificar o ser amado?
É porque estes não sabem o que é o verdadeiro amor. Não sabem o que é amar de verdade. Não compreendem que amar é mudar a alma de casa, mas que a casa continua alheia. Não somos donos do coração alheio. Somos apenas inquilinos. Não podemos derrubar paredes, apenas alterar a disposição dos móveis.
As paredes derrubadas jamais podem ser reconstruídas. Constroem-se outras. Jamais as mesmas, com os mesmos tijolos. E depois da derrubada, é da firmeza da parede antiga que se sente falta. Reclama-se da qualidade do novo tijolo. Sente-se falta do tijolo velho, que era a essência daquela casa. Do aconchego que proporcionava para alma. Até que um dia a parede mal feita cai e então nada resta. A alma fica sem casa.
É por isso que dizem que o amor acaba. Acaba quando a parede desaba. E acaba mesmo, mas nunca o amor verdadeiro, pois o amor verdadeiro somente constrói.
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