Mulher é presa por esquema de fraude em indenizações da tragédia de Brumadinho

Uma mulher, de 28 anos, foi presa temporariamente nesta quarta-feira (12), suspeita de participar de um esquema de falsificação de documentos médicos usados em processos de indenização relacionados ao rompimento da barragem do Córrego do Feijão, em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Segundo a Polícia Civil, os laudos adulterados eram apresentados à Justiça para obtenção de pagamentos indevidos.

As investigações, conduzidas pelo Departamento Estadual de Combate à Corrupção e Fraudes (Deccof), tiveram início em abril do ano passado. A suspeita atuava como secretária e administradora de clínicas médicas e teria sido responsável pela falsificação de laudos e receitas médicas, utilizando assinaturas de profissionais sem autorização.

Segundo o delegado Magno Machado, o esquema contava com a participação de advogados, médicos e psicólogos, que usavam os documentos fraudulentos para fundamentar pedidos de indenização. As autoridades apontam que a fraude causou prejuízos financeiros e comprometeu a credibilidade do sistema judicial.

Pelo menos 12 mil ações judiciais foram identificadas com pedidos de indenização por dano moral. Muitos laudos apresentados eram idênticos e continham diagnósticos semelhantes, como transtorno de estresse pós-traumático. Algumas pessoas ouvidas durante as investigações relataram que passaram por consultas apenas telefônicas antes de receber os laudos.

Durante a operação, a Polícia Civil cumpriu mandados de busca e apreensão na residência da investigada. Foram recolhidos documentos, celulares e computadores, além de blocos de receita médica assinados e em branco, de uso exclusivo de profissionais de saúde. A polícia suspeita que a fraude era operada de forma sistemática e envolvia diversas pessoas.

O chefe do Deccof, Adriano Assunção, destacou a importância da parceria entre a Polícia Civil e o Tribunal de Justiça de Minas Gerais na investigação. Segundo ele, o esquema buscava desacreditar o sistema judicial, mas as instituições seguem unidas para combater esse tipo de crime.

A mulher foi encaminhada ao sistema prisional, e a investigação continua para identificar outros possíveis envolvidos na fraude.