No Seminário do Cinema Brasileiro desta quinta-feira, a temática Chamado Realista será expandida para além das fronteiras nacionais. Às 15h, no Cine-Teatro Sesi, acontece o bate-papo “Incidência de novos e antigos realismos em perspectiva latino-americana”, com Andrea Stavenhagen (México, correspondente para a América Latina no Festival de San Sebastián), Raúl Camargo (Chile, programador e diretor de competição do Festival de Valdivia) e Roger Koza (Argentina, programador do Filmfest Hamburg e do Ficunam, crítico de cinema do Con los Ojos Abiertos e Revista Ñ), sob mediação da crítica Ela Bittencourt.
Antes disso, nos Encontros com os Filmes, acontecem os debates dos longas “O Nó do Diabo”, às 10h, com o crítico convidado Alfredo Suppia, e “Ara Pyau – A Primavera Guarani”, às 11h15, com a presença de Victor Guimarães. Já a conversa sobre os curtas da Mostra Foco 3, reunindo todos os realizadores, está marcada para as 12h30.
As sessões de cinema começam às 16h30, com a série 4 da Mostra Panorama reunindo, às 16h30 no Cine-Tenda, os filmes “Memórias de um Primeiro de Maio”, de Danilo J. Santos, “Sweet Heart”, de Amina Jorge, “Avalanche”, de Leandro Alves, e “Território do Desprazer”, de Maíra Tristão e Mirela Marin.
A Mostra Olhos Livres começa, às 18h30, no mesmo local, com a exibição de “Platamama”, de Alice Riff. Outros dois competidores da Mostra Aurora serão exibidos hoje: às 20h passa “Dias Vazios”, de Robney Bruno Almeida; e às 22h tem “Baixo Centro”, de Samuel Marotta e Ewerton Belico. Outro longa-metragem da noite é”Camocim”, de Quentin Delaroche, às 21h, no Cine BNDES na Praça.
Realizado em parceria cultural com o Sesc, o show de Felipe Cordeiro é a atração de fim de quinta-feira no Sesc Cine-Lounge, à 0h30.
NA SEXTA-FEIRA
Entrando na reta final, a 21a Mostra de Cinema de Tiradentes tem mais uma sessão do recorte Chamado Realista, às 15h, no Cine-Tenda, com “Operações de Garantia da Lei e da Ordem”, de Julia Murat e Miguel Antunes Ramos. O documentário trata da relação entre a representação e o representado, a narrativa e o fato, a imagem e o acontecimento, a partir do comportamento da mídia durante as manifestações que ocorreram no Brasil no período de junho de 2013 a julho de 2014. Em seguida, haverá um bate-papo com os realizadores, mediado pelo curador Cléber Eduardo.
Na última sessão da Mostra Olhos Livres neste ano, passa “Antes do Fim”, novo trabalho de Cristiano Burlan, protagonizado por Helena Ignez e Jean-Claude Bernardet, às 18h, no Cine-Tenda. O longa-metragem trata de um casal de idosos no qual o homem se sente preso na lógica de longevidade que a indústria farmacêutica lhe impõe e decide planejar um suicídio consciente, convidando a companheira a fazê-lo junto.
Também se concluindo em 2018, a Aurora tem dobradinha: às 20h, “Lembro Mais dos Corvos”, de Gustavo Vinagre, sobre uma transexual que conta histórias para atravessar a noite de insônia; e às 22h30, “Rebento”, de André Morais, ficção na qual, após cometer um crime contra o filho recém-nascido, uma mulher abandona casa e família.
A programação de filmes da sexta-feira ainda tem os curtas da Mostra Panorama 5, que exibe “Superpina”, de Jean Santos, “A Rotação da Terra”, de Matheus Sundfeld, e “Ponte Velha”, de Victor de Melo, às 16h30 no Cine-Tenda; e, às 21h, no Cine BNDES na Praça, o documentário “Por Parte de Pai”, de Guiomar Ramos, em que a diretora narra a história do português Vitor Ramos, jornalista, ensaísta, crítico e professor que se exilou no Brasil em 1955.
Mais cedo, no Cine-Teatro Sesi, a partir das 10h, seguem os Encontros com os Filmes, debatendo “Platamama”, com o crítico convidado Daniel Oliveira; “Dias Vazios”, com Fabrício Cordeiro; e “Baixo Centro”, com Luciana Veras.
Na programação artística, realizada por meio de parceria cultural com o Sesc, estão marcadas diversas atrações: a Cia. do Liquidificador, às 15h e às 18h; e Suaveciclo, às 19h30 – todas as no Cine BNDES na Praça.
À 0h30, no Sesc Cine Lounge, é a vez do Trivial Trio. Os três instrumentistas vão tocar repertório de música brasileira, com destaque para composições mineiras deles mesmos e de outros artistas.
RETROSPECTIVA: O BRASIL LÁ FORA
Na tarde de quarta-feira, os críticos e programadores Boris Nelepo (Rússia) e Erick González (Chile) falaram no Cine-Teatro Sesi sobre como veem a presença do cinema brasileiro nos circuitos de festivais e de salas de exibição mundo afora. Para ambos, a maneira como mais assistem às produções do país é circulando por eventos de audiovisual, como a Mostra de Tiradentes. A partir disso, eles encontram títulos que interessam ao perfil dos festivais programados por ele e fazem convites ou refletem sobre as melhores formas de trabalhar cada produção.
“É preciso acreditar e defender os filmes que você escolhe programar”, disse Nelepo, que recentemente levou para seu país filmes de Adirley Queirós. O curador tem pensado em promover retrospectivas de alguns diretores brasileiros em festivais de Moscou, mas esbarra principalmente em dificuldades logísticas e na má preservação de cópias.
Já para González, nem todo filme que passa por um grande festival necessariamente encontra seu público em carreira comercial. Para ele, são poucos os casos como “Aquarius”, de Kleber Mendonça, que dialoga nas duas frentes. Mesmo assim, o chileno não acredita num tipo específico de perfil para filmes de festivais. “A maior parte dos grandes eventos de cinema está na Europa, e o europeu médio tem uma expectativa para o que vem da América Latina que nem sempre é cumprida, o que é importante”.
Ele também exaltou a Mostra de Tiradentes como um caso raro de evento audiovisual dedicado apenas a filmes de seu próprio país, algo que ele acredita não ter similares na América Latina e que serve de acesso amplo a toda uma produção contemporânea local.
Nos Encontros com os Filmes de quarta-feira, o público pôde conhecer a trajetória de Bruna Schelb Corrêa, diretora de “Imo”, filme integrante da Mostra Aurora. Natural de Cataguases e formada em Juiz de Fora, a mineira estreia em longa-metragem com este trabalho, filmado em Matias Barbosa, na Zona da Mata do estado. Muito elogiada pela forma como se dedica a olhar o corpo feminino e as idiossincrasias de ser mulher, Bruna destacou a necessidade de o cinema proporcionar outros tipos de sensibilidades para além do convencional. “Fazer um filme sem diálogos e sem palavras é uma escolha. A gente pode escolher não falar. Espero que ‘Imo’ tenha um alcance e que cause alguma mudança, mesmo que seja mínima, para as mulheres, principalmente para minhas irmãs, que ainda são crianças”, disse ela.
Outra diretora nas mesas de quarta-feira, Simone Cortezão, de “Navios de Terra”, contou ter realizado o filme a partir de um processo de estudos acadêmicos que desenvolvia. “Surgiu de uma necessidade minha de me jogar numa jornada, de escrever, de me infiltrar em lugares institucionais”, comentou, ao relembrar a viagem num navio cargueiro que serviu de base para o desenvolvimento do projeto. “Estar naquele navio foi um trabalho de espera, tanto da chegada ao destino quanto de seus processos interiores. O filme é esse lapso, é essa pausa”.
TODA PROGRAMAÇÃO É OFERECIDA GRATUITAMENTE AO PÚBLICO.
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