Para encarar os desafios e adversidades do mundo contemporâneo de maneira saudável, crianças e jovens em fase escolar precisam desenvolver habilidades especiais. E dentro do âmbito escolar, as metodologias ativas são uma alternativa que estimulam colocam o aluno no centro de todo o aprendizado.
O perfil das crianças e jovens mudou e passou a ser mais conectado, dinâmico e ativo. Segundo um estudo da McAfee, os jovens brasileiros são os que mais utilizam aparelhos eletrônicos no mundo. A pesquisa que entrevistou 15 mil pais e mais de 12 mil filhos em dez países revelou que a taxa de uso de celulares por adolescentes e jovens brasileiros está na faixa de 96%, bem acima da média global.
Assim sendo, o modelo de ensino em que o aluno era apenas receptor e o professor assumia todo papel de repassar o conteúdo, não faz mais parte da realidade.
“É necessário que a aprendizagem passe por modificações para acompanhar esse novo perfil. Então, profissionais da educação precisam inovar em sala de aula. Uma das formas de fazer isso é colocando em prática as metodologias ativas que envolvem os alunos de modo criativo e ativo”, comenta Amanda Oliveira, especialista do My Life Programa Socioemocional.
Já o relatório “Futuro do Trabalho” divulgado pelo Fórum Econômico Mundial listou que, até 2025, as principais habilidades buscadas pelo mercado serão o pensamento crítico e análise, resolução de problemas e outras habilidades de autogerenciamento, como aprendizado ativo, resiliência, tolerância ao estresse e flexibilidade.
Ainda segundo o relatório, em média, as empresas estimam que cerca de 40% dos trabalhadores que já estão em seus postos precisarão de requalificação e 94% dos líderes empresariais relatam que esperam que os funcionários adquiram novas habilidades no trabalho.
“Estes números atuais reforçam a importância de usar novos métodos para que as crianças e jovens desenvolvam essas habilidades desde o período escolar. Assim, ao ingressar no mercado de trabalho, elas estarão mais bem preparadas para competir por melhores posições e condições”, diz Amanda.
A seguir, a especialista traz dicas de como as metodologias ativas se relacionam com essas habilidades.
Sala de aula Invertida
Assim como o nome já diz, neste método os alunos assumem o papel de protagonistas e o professor deixa de ser o agente principal de informação. Na proposta, os estudantes têm contato com o material das aulas e utilizam o momento para aprofundar seus conhecimentos, analisar criticamente, tirar dúvidas e realizar atividades práticas.
“Uma das características principais deste método é a troca de experiências e trabalho em grupo. E é um momento também desafiador para o professor pois ali, além de poder ver as aptidões de seus alunos, ele também pode selecionar e direcionar em busca de um resultado melhor”, acrescenta Amanda.
Gamificação
Saber lidar com situações desafiadoras e que estão fora do controle é algo comum em um mundo em evolução. E neste ponto, os jogos oferecem um ambiente propício para treinar a resiliência emocional.
“No ambiente o aluno enfrenta desafios e entende que errar ou perder uma partida é uma forma também de aprender. Este aspecto pode ser benéfico para que ele consiga ir mais longe, aprender mais e desenvolver sua autoconfiança”.
Aprendizagem baseada em problemas
Resolver problemas de modo criativo é um dos pontos centrais da metodologia. Nela, os alunos trabalham muitas vezes em grupo e propõem soluções e hipóteses usando a investigação para a resolução da questão apresentada.
“Um dos pilares desse método é unir a teoria à prática. Ou seja, o professor consegue inovar e propor algo além das teorias. Assim, estimulando o lado crítico e social do aluno, a habilidade de lidar com opiniões diferentes e de exercer sua flexibilidade”
Aprendizagem baseada em projetos
Mais do que resolver uma questão, a aprendizagem baseada em projetos, estimula a construção. Seja algo físico ou teórico, os estudantes utilizam suas habilidades em conviver em grupo, liderança e responsabilidade para realizar o propósito.
“Um dos diferenciais dessa proposta é que ela pode ser interdisciplinar e unir noções de mais de uma área do conhecimento, aumentando assim o repertório e o senso de articulação dos estudantes”.
Estudo de caso
A metodologia leva uma situação real do mundo para dentro da sala de aula. Deste modo, os estudantes conseguem, com um assunto de interesse comum, unir várias perspectivas, apresentar seu ponto de vista e debater sobre ele de modo a se chegar a uma reflexão maior.
“Este método é muito aplicado em alunos que já tenham contato com o Projeto de Vida no Novo Ensino Médio ou no Ensino Fundamental Anos Finais. Discutir abertamente sobre problemas reais pode ajudar a melhorar a convivência e a combater adversidades como o bullying, por exemplo”, finaliza Amanda Oliveira.
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