Saber onde, quando e porque acontecem focos de incêndio é a base para uma nova intervenção do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais no Parque Estadual da Serra do Rola Moça. Com os voluntários do projeto Anjos de Guarda, a corporação quer garantir a preservação do terceiro maior parque urbano do país e conscientizar a população contra ações humanas que podem provocar grandes incêndios.
O projeto Anjos de Guarda reúne voluntários que estão sendo treinados pelos Bombeiros para monitorar o parque, detectando focos de incêndio e aprendendo como evitá-los. A ação é coordenada pelo Batalhão de Emergências Ambientais e Resposta a Desastres (Bemad) e conta com a participação de representantes de grupos de jipeiros, ciclistas, pilotos de drones, além de outras ONGs.
A unidade de conservação está localizada nos municípios de Belo Horizonte, Nova Lima, Ibirité e Brumadinho e foi criada em 27 de setembro de 1994, com a publicação do Decreto 36.071.
“Essa iniciativa quer chamar a sociedade para dentro do parque”, afirma o major Anderson Passos. Segundo ele, os voluntários recebem as orientações e repassam aos seus colegas para que equipes de monitoramento sejam organizadas para atuar dentro e fora do parque.
Carlos Frederico de Souza Lott é coordenador do Observatório Espeleológico e participou do primeiro treinamento oferecido pelo projeto, no início deste mês. Ele destaca a diversidade no coletivo de voluntários.
“O Anjos de Guarda é um grupo sem barreiras, que precisa ser difundido em função da necessidade de mais voluntários para um parque com as proporções do Rola Moça e a dinâmica de prevenção e apoio no combate aos focos de incêndio”, defende Loti.
Assim como as demais instituições voluntárias, o Observatório Espeleológico (OE) contribui para a execução e maior adesão ao projeto Anjos de Guarda. O observatório fornecerá horas técnicas e equipamentos, popularmente conhecidos como drones, para auxiliar no monitoramento e mapeamento da área do parque.
Atuação de voluntários
Os voluntários do projeto Anjos de Guarda irão montar guarda no parque durante o período crítico das queimadas, que acontece a partir deste mês de maio e se estende até outubro, com maior incidência no mês de setembro, quando 50% das ocorrências de incêndio em parques ambientais são registradas.
O major Passos explica que os voluntários irão atuar em duas frentes de trabalho, tendo como objetivo o monitoramento e o apoio no deslocamento de bombeiros militares e brigadistas.
“Avistado o foco de incêndio, o voluntário deverá entrar em contato com a base de apoio do Corpo de Bombeiros e, com os recursos disponíveis, o momento, contribuir para o rápido deslocamento das equipes de combate”, explica o militar.
Como o funcionamento acontece com escalas, o projeto precisa de voluntários. Estes podem indicar sua disponibilidade para um dia, uma tarde ou uma manhã nas dependências do Parque do Rola Moça.
“Quanto mais pessoas puderem usar o espaço e conhecer o projeto, maior será nossa capacidade de resposta e enfrentamento às queimadas”, acredita Carlos Lott.
Uma agenda foi criada para que os voluntários indiquem sua disponibilidade. Além disso, um grupo no WhatsApp facilita a interação da coordenação do projeto com os voluntários. A adesão ao grupo pode ser solicitada pelo Fale Conosco no site do Corpo de Bombeiros.
A participação nos encontros de formação e em outras atividades definidas pelo projeto é importante para que cada voluntário, com seus talentos e recursos técnicos, ajudem a envolver a comunidade do entorno no constante trabalho de preservação do Parque Estadual da Serra do Rola Moça.
O próximo encontro está programado para o dia 3 de junho (sábado), das 9 às 12 horas, quando o cronograma das demais ações terá as atividades definidas. A reunião acontecerá no Pelotão de Combate a Incêndios no Parque Estadual da Serra do Rola Moça.
Envolver a comunidade
Devido à composição urbana, a maior parte dos focos de incêndio no Rola Moça tem sua origem na região do Barreiro, em Belo Horizonte, e em Ibirité. Daí a necessidade de atuar junto à população dessas regiões, a fim de conscientizá-las de que queimadas no parque têm como causa a força e ação humana.
“O que se queima, anualmente, seja em áreas internas ou ao redor do Rola Moça totaliza 1.100 hectares, o que equivale a 1.100 campos de futebol queimados todos os anos”, ressalta o major Passos, esperançoso em mudar esse panorama com a adesão, principalmente, das crianças e adolescentes da região ao programa de voluntariado.
A proposta do Anjos de Guarda é fazer um circuito cultural e ambiental junto às escolas das redes municipal e estadual de ensino, bem como promover caminhadas ecológicas e outras atividades que possam reunir a criançada no parque.
“Com palestras, teatro de bonecos e demonstração de equipamentos, queremos apresentar às crianças e adolescentes a importância da preservação ambiental e contar com elas na sensibilização dos pais e responsáveis na prevenção e cuidado com as queimadas”, garante Passos.
Por que o Rola Moça?
É perceptível que a qualidade do ar fica insustentável quando ocorre um incêndio de grandes proporções no Parque do Rola Moça. Os moradores sofrem com a fuligem, com o ar mais carregado e insalubre, otimizados pelo tempo seco e a baixa umidade do ar, características do outono/inverno em Minas Gerais.
Com a clareza de que cada unidade de conservação deve seguir um plano especifico de controle e combate às queimadas, o major Passos afirma que “o caminho natural é ter sucesso neste projeto de voluntariado e expandi-lo para outras unidades do estado”.
Terceiro maior parque urbano do país, com 4.006 hectares, o Rola Moça abriga cinco pontos de captação de água para o abastecimento dos municípios que integram a Região Metropolitana de Belo Horizonte e uma rica diversidade de fauna e flora. Além disso, cachoeiras e cavernas embelezam esse importante patrimônio natural de Minas Gerais.
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