O programa Mariana Godoy Entrevista desta sexta-feira (17) recebeu o prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil, do Partido Humanista da Solidariedade (PHS). Com apenas 20 segundos para expor suas ideias na televisão durante a campanha eleitoral, ele fez o que sabe fazer de melhor, foi direto, autêntico, sem papas na língua. Resultado: conquistou os eleitores da capital mineira.
Ao ser confrontado com a ideia de ter sido eleito na linha de prefeitos como o da capital paulista João Doria, Kalil afirmou que não fez promessas de campanha e fez um alerta aos colegas eleitos em outros municípios: “Isso que eles estão prometendo eles não vão fazer”. Ele esclareceu: “O que eu disse na campanha é exatamente o que eu estou fazendo hoje à frente da prefeitura de Belo Horizonte”. O prefeito da capital mineira foi realista com a realidade do país e observou: “Se você me perguntar o que colou na minha eleição foi o seguinte: olha, nós não vamos fazer metrô, porque o país está em crise e não temos dinheiro, mas nós podemos consertar a saúde, nós podemos investir na educação”.
Sobre os primeiros momentos de seu mandato, Alexandre Kalil se mostrou muito satisfeito: “Foi muito legal, porque dois terços do meu secretariado eu não conhecia. Eu fui apresentado”. O prefeito de Belo Horizonte contou que a equipe montada para ajudá-lo a administrar a capital mineira é de primeiro nível, com excelentes especialistas: “Hoje eu posso dizer, com muito orgulho, que eu tenho um senhor secretariado”. Kalil ainda garantiu que a equipe está muito motivada: “Nós seremos sempre indignados, não vamos nunca ser resignados, sempre indignados. Então, esse é o lema com que nós nos tratamos”.
Questionado sobre a auditoria que prometeu fazer no transporte público, Kalil enfatizou: “Além da auditoria, eu coloquei uma comissão de vereadores para acompanhar e os movimentos sociais todos vão participar. Agora vão ser todos responsáveis por saber o que é certo e o que é errado”. Ele ainda avisou: “Belo Horizonte não emplaca mais ônibus sem ar-condicionado e sem suspensão a ar”. Ele ainda negou que tenha qualquer participação no aumento dos serviços públicos de transporte e atribuiu essa responsabilidade ao orçamento da gestão anterior: “Eu não dei aumento para ninguém”. O prefeito ainda fez uma observação acerca dos acordos já firmados pela antiga administração: “Se nós tivermos que rasgar contrato com a prefeitura vamos escolher o maior para rasgar”. Apesar da frase impactante, ele garantiu que a ideia é cumprir contratos e, quando for possível, negociar para conseguir o melhor para a administração da cidade.
Uma das grandes obsessões de Alexandre Kalil é a gestão da saúde, que ele crê ser alvo de disputas no país: “Enquanto for cobiçada politicamente por partidos, a saúde nesse país não tem solução”. O prefeito de Belo Horizonte explicou o porquê de a pasta ser tão cobiçada: “A saúde é o maior orçamento da prefeitura, do estado, da União”.
Kalil disse não ter ideia, ainda, de como combater os “assaltos” à saúde pública no Brasil decorrentes da corrupção e brincou: “Quem descobrir isso no Brasil vai fazer a maior descoberta depois de Cabral”. Ele criticou uma característica que atrapalha a área: “A burocracia cria tanto emaranhado, que ela se torna quase incontrolável. A falta de simplicidade de uma compra esconde essa compra embaixo de muita coisa”. Ele concluiu: “Transparência é a vida da saúde”. O administrador da capital mineira elogiou o Sistema Único de Saúde (SUS), ao menos em sua forma teórica: “O modelo do SUS, para quem não sabe, é um modelo estudado, de tão bem feito que ele é”. Ele ainda afirmou que a cidade que governa não soube negociar investimentos da União: “Belo Horizonte foi muito acanhada, pediu mal. Nós temos que pedir e eu tenho certeza que o Governo Federal vai atender, porque é a terceira capital mais importante desse país”.
“A saúde não é brincadeira, a saúde é coisa muito séria”, disse o prefeito antes de falar sobre um comentário do ministro-chefe da Casa Civil Eliseu Padilha, que teria admitido colocar um deputado na pasta da Saúde porque o governo precisaria de maioria no Congresso. O ministro teria dito, ainda, que esse tipo de “acordo” é a coisa mais natural do mundo. Para Kalil, “não é a coisa mais natural do mundo, mas tudo no Brasil passou a ser a coisa mais natural do mundo”. Ele foi além: “Entregar a Saúde para ter maioria no Congresso e declarar isso é crime. Não é questão de política, é questão de coração, é questão de humanidade”. O prefeito ainda falou sobre seu compromisso de governar para o munícipe mais pobre: “Nós temos que cuidar dele, eu tenho plano de saúde”.
Ao comentar o pouco tempo que teve na propaganda eleitoral, Alexandre Kalil foi enfático: “Eu, como não tinha televisão, tive que andar, tive que mostrar minha cara na rua”. Para ele, isso foi importante para ver de perto os problemas da cidade. O prefeito ainda observou: “Para a verdade vinte segundos servem”.
Alexandre Kalil criticou as parcerias público-privadas (PPP) na área da saúde e apontou: “PPP na saúde não dá, gente. É alguém ter lucro com a saúde, que é financiada pelo SUS. Está na cara que está errado”. Ele ainda explicou: “Estamos fazendo uma equipe para gerir hospitais”.
Ao ser comparado novamente com o prefeito de São Paulo João Doria, Kalil garantiu que respeita o colega paulistano, mas observou: “Não me incomodo, mas eu acho que nós temos estilos diferentes”.
O prefeito de Belo Horizonte falou sobre a responsabilidade que recebeu das mãos, sobretudo, do eleitor pobre da capital mineira e descartou pensar em se candidatar a outros cargos em breve: “Eu tenho muito medo. Eu respeito muito o dever e a palavra que foi dada para a população. Na minha zona eleitoral [a mais rica da cidade] eu tomei uma surra. Eu tenho compromisso com o povo mais pobre, que me elegeu e isso me apavora, me apavora tanto que eu não tenho cabeça para pensar em outra coisa a não ser cumprir o pouco que eu prometi na campanha”.
Questionado se a sua vitória foi a derrota do PSDB, Alexandre Kalil não ficou em cima do muro: “Retumbante!”. Ele ainda enfatizou as derrotas que o partido obteve no estado. Segundo ele, “perderam para presidente, perderam para governador, perderam para prefeito, porque só agridem”.
O prefeito da capital mineira analisou a situação do país e criticou a insistência da mídia com a cobertura da Operação Lava Jato que, para ele, toma o espaço de discussões mais importantes que deveriam ser abordadas pela imprensa, como a reforma do ensino médio, por exemplo. “’Sinceramente, eu acho que tudo tem que ter começo, meio e fim. Essa Lava Jato tem que saber quando é que ela vai parar e onde ela vai parar”. Ele deixou claro que não defende o fim das investigações, mas opinou: “Está todo mundo preocupado com o que não tem que se preocupar”. Para ele, a operação deve culminar com a prisão de quem deve ser preso e ter um fim: “Tem prova, tem prova, cadeia em quem tem prova”. O prefeito de Belo Horizonte ainda não descartou que muitas pessoas tenham o interesse de que a Lava Jato tenha o mesmo fim que tiveram as investigações do caso Banestado.
Alexandre Kalil comparou as gestões Dilma e Temer e confessou: “Eu não notei [diferença de foco] como cidadão brasileiro”. Ele prosseguiu: “A diferença é que o presidente Temer tem uma grande oportunidade de mudar a história do país. É muita política e ninguém olha o que este povo está sofrendo”.
Alexandre Kalil falou sobre a reforma da Previdência e alertou: “Não tem como a conta não chegar”. Ele elogiou o funcionalismo público, afirmou que quer dar as melhores condições de trabalho para os funcionários da prefeitura, mas admitiu: “O funcionalismo público tem que saber que a reivindicação tem limite”.

Perguntado se é inimigo do senador Aécio Neves, Alexandre Kalil garantiu que não: “O Aécio foi governador de Minas duas vezes, é senador da República e eu sou um prefeito, fui eleito há 40 dias [sic], entrei na política outro dia, sou fraldinha nesse assunto ainda e não tenho inimigos, eu não construí nenhum. Claro que do jeito que levam machuca, machuca a família, machuca todo mundo e eu nunca tinha visto nada nesse nível, até porque ataque pessoal é para quem rouba, pra quem está delatado, pra quem está enfiado em corrupção. Tem que atacar esse tipo de gente, mas graças a Deus esse tipo de ataque eu não sofri, porque reviraram a minha vida e não acharam nada. Mas não sou inimigo do Aécio Neves de jeito nenhum e quando encontrá-lo serei cortês, como fui com o Antonio Anastasia, como fui com o Zezé Perrela”. Sobre este último, Kalil afirmou não acreditar que esteja envolvido com o tráfico de drogas, como muito se comenta, informalmente, nas redes sociais.
Ao ser perguntado se é favorável ao fim do foro privilegiado, Alexandre Kalil foi econômico: “Sou!”. Mais uma vez, o prefeito de Belo Horizonte apontou para temas que, segundo ele, são mais importantes do que esse: “O tema hoje é o fim do foro privilegiado”, disse antes de criticar essa “obsessão da imprensa”. Ele defendeu um olhar mais crítico a problemas como o saneamento básico, que é grave em quase todas as regiões do país. Alexandre Kalil questionou a utilização do dinheiro repatriado da corrupção e defendeu sua aplicação em benefício da sociedade: “Por que não vai para a saúde? Não tiraram dinheiro da Petrobras, tiraram do pobre”.
Outro tema que recebeu muitas críticas do prefeito de Belo Horizonte foi a reforma do ensino médio. Ele comentou a polêmica contratação de youtubers por parte do Governo Federal para elogiar as reformas e questionou a assertividade das mudanças: “Não é que gostei ou não gostei, até porque não estudei o assunto, porque não diz respeito à prefeitura de Belo Horizonte. Esse é um tema importante. É boa? É ruim? Está sendo amplamente debatida pela sociedade? Não está”.
Alexandre Kalil deu a entender que não se interessa em se candidatar para a presidência da República, mas ainda assim deu uma resposta enigmática: “Tudo começa com a responsabilidade. Você tem que ter medo do que você tem pela frente. Quem não teme o que tem pela frente não chega a lugar nenhum”. Para explicar a citação, ele usou o ex-presidente Juscelino Kubitschek para se referir ao povo: “Não deixe o monstro acordar”.
Questionado sobre a legalidade ou não do impeachment de Dilma Rousseff, Alexandre Kalil garantiu que somente pessoas ligadas ao PT, ao PMDB e ao PSDB conseguem ter certeza: “Eu não tenho opinião formada sobre isso”. Para ele o que fez as pessoas irem às ruas não foi exatamente a figura da ex-presidente Dilma Rousseff, mas uma indignação com o “status quo”.
Confrontado com uma pesquisa eleitoral que coloca o ex-presidente Lula com cerca de 30% das intenções de voto, seguido por Marina Silva e Jair Bolsonaro tecnicamente empatados com 11%, Alexandre Kalil foi direto: “Eu acho que está muito cedo, apesar de estarem com muita pressa”. Ele ainda alertou: ”O quadro é o pior possível”. Para explicar sua observação, ele citou a delação da Odebrecht, que pode comprometer muitos “presenciáveis”. Kalil também defendeu o fim do sigilo sobre as delações e criticou o vazamento seletivo.
Questionado por uma moradora de Belo Horizonte se já havia pago seu IPTU, o prefeito da cidade mostrou bom humor: “Já, paguei antes de assumir”. Kalil ainda defendeu a renegociação das dívidas dos pequenos empreendedores, que sofrem com a crise que vem assolando o Brasil: “Eu quero ajudar o pequeno devedor. A inadimplência em Belo Horizonte hoje é a maior desde 1941”.
Alexandre Kalil não escapou de falar de uma de suas grandes paixões, o futebol. Ao comentar o Programa de Modernização da Gestão e de Responsabilidade Fiscal do Futebol Brasileiro, o Profut – que teria termos que desagradaram as direções do Atlético Mineiro e do Corinthians – ele se mostrou incrédulo com a implementação de regras semelhantes às já existentes na Europa, que puniriam clubes em desacordo com a norma. Ele ainda afirmou que a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) não tem “moral” para punir ninguém: “Não tem presidente da CBF capaz de tirar Atlético [Mineiro] e Corinthians de qualquer competição. Com futebol não se brinca, futebol é coisa muito séria. O ambiente da CBF não dá para punir ninguém não”. Ele foi além: Quem punir Atlético e Corinthians tem que sair do país. Pode tirar o Pitangui, o Ibis, agora mexer com Atlético, Corinthians, Flamengo, Internacional, Grêmio, não tem que ter coragem não, tem que ter muita coragem”.
O prefeito de Belo Horizonte, que foi presidente do Atlético Mineiro, falou sobre Marco Polo Del Nero, presidente da CBF: “Eu, pessoalmente, não tenho nada contra ele. Eu tenho contra o secretário-geral [Walter Feldman], que é um aproveitador que está levando o futebol brasileiro a essa situação”. Kalil ainda afirmou que os clubes conseguiram o Profut e não a entidade mandatária do futebol brasileiro.
Ao comentar sua paixão pelo Galo Mineiro, ele brincou: “A pessoa muda de sexo, mas de time de futebol não muda”. Ele também afirmou não saber como andam as contas do clube e revelou que depois de encerrar seu mandato só voltou a reencontrar o Galo em duas oportunidades: uma já eleito, em um jogo, e outra antes de ser eleito, para receber uma homenagem do alvinegro.
Quando foi eleito, Alexandre Kalil afirmou: “Acabou coxinha, acabou mortadela. Agora o papo é quibe”. Questionado se o quibe era de direita, de centro ou de esquerda, ele disse que isso é outra bobagem. Para ele, tanto um lado quanto o outro tiveram suas chances de resolver os problemas do país e não conseguiram. Ele finalizou: “A questão é humana, a questão não é mais de direita ou esquerda no país, a questão é de coração. A pobreza tem que te tocar”.
Programa na íntegra: http://www.redetv.uol.com.br/jornalismo/marianagodoyentrevista/videos/programas-na-integra/mariana-godoy-recebe-o-prefeito-de-belo-horizonte-alexandre-kalil-integra
Da RedeTV!
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