Resultados sensacionais no Mineiro 1 do Brasil

No seio de um país que tem oferecido, década após década, os maiores talentos do mundo do futebol – de Sócrates a Romário, Ronaldinho a Neymar- não há falta de jogos emocionantes, repletos de novos talentos e de configurações táticas muito interessantes, motivadas pela adaptação destes mesmos talentos à ditadura da tática. Como a gente sabe bem demais, não há ditadura tática que trave o pé sambado dos grandes prospects brasileiros, pelo que, como verá, esta junção fornece informação muito interessante para a nossa análise.

De que vamos falar

Neste artigo, vamos dar uma olhadela mais pormenorizada a dois dos jogos mais emocionantes do nosso Mineirão, e desvendar, através dos dados estatísticos, alguns pormenores e decisões que lhe podem ter passado ao lado durante o jogo. Falamos dos jogos do Atlético Mineiro vs. Tombense, e do Cruzeiro vs. América Mineiro, que representam bem a competitividade e riqueza futebolística do Mineiro 1.

Muitas vezes, alguns pormenores passam ao lado, pelo que é sempre bom ter em mão, no seu smartphone, estatística de futebol ao vivo, para usufruir ao máximo do desporto-rei.

Atlético Mineiro vs. Tombense

Este é um daqueles jogaços que importa analisar cuidadosamente: em termos de posse de bola, olhando para os valores finais, podemos antever um jogo equilibrado. Mas é, obviamente, um erro a que uma estatística simples nos induz. Como podemos ver, pelo gráfico abaixo, o único período de jogo em que houve realmente um equilíbrio em termos de posse – que corresponde a um momento específico do jogo, de rearranjos táticos e de grande luta a meio-campo- é no início da segunda parte. Por outro lado, a primeira parte mostra uma entrada rompante do Atlético Mineiro, que marca gol bem cedo e consegue controlar o jogo até aos 25 minutos.

De seguida, é o Tombense a time que pega na batuta da bola e equilibra a tendência da primeira parte. Se olharmos para o número de ataques, vemos uma prevalência, para o Atlético Mineiro, que é justificada pelos picos de posse: um time, em momento de posse, pode organizar o seu ataque e ser mais fatal. Mas o que teve em ataques, e tentativas de golo, mostrou incapacidade de acerto: 11 remates fora da baliza.

Fora dos stats

Mas o que é mais curioso neste jogo é o gol de empate do Tombense, em total contraciclo com a tendência do jogo. A beleza do desporto-rei é justamente essa: é, em espaços, totalmente inexplicável, e no fim é a bola e a baliza que mandam. O que podemos, no entanto, verificar, e que explica o jogo, é o conforto do Tombense com o resultado após o seu gol. É a reorganização tática que, juntamente com o fator anímico do gol, que quebra a tendência ofensiva do Atlético Mineiro, e permite conservar o resultado.

Cruzeiro vs. América Mineiro

Se no jogo anterior podemos falar de uma posse final enganadora, neste caso, e pelo que podemos ver pelo gráfico abaixo, o jogo foi bem equilibrado: aliás, quem viu o jogo sabe bem do que falo. Um jogo em que os times atacaram com grande frequência, mas cujos bons momentos defensivos tornaram a maior parte dos avanços infrutíferos.

Com os valores mais estáticos muito próximos – Remates enquadrados ou fora da baliza – é o gráfico da posse que nos permite perceber o que aconteceu: o Cruzeiro faz gol, um pouco antes do final da primeira metade do jogo, num momento de crescimento exponencial de posse: como já falei, este fenómeno é facilmente explicável pela oportunidade de construir. Não é um acaso que o grande Pep Guardiola favorece, sempre, a posse.

O momento do jogo

O que é verdadeiramente belo neste jogo são os últimos 10 minutos do time América Mineiro, que lança um autêntico blitzkrieg ofensivo, recompensado justamente com dois gols. É incrível, em termos estatísticos, a avalanche de posse, que depois se traduz no momento ofensivo, e que ajuda também a explicar os 24 ataques que o América Mineiro apresenta a mais do que o Cruzeiro.

É caso para dizer que o América Mineiro se lançou de forma aventureira para a frente e o Cruzeiro não teve resposta em tempo útil, terminando o jogo praticamente sem qualquer posse de bola. São dez minutos fascinantes e que urjo todos a rever, se possível.