Um complexo esquema envolvendo homicídios, assaltos, seqüestros e ocultação de cadáver foi desvendado pela Polícia Civil em Santa Luzia. Por meio da operação “Lei de Talião”, foram presos, em Santa Luzia, na terça-feira (17), Gladstone Roberto Crivellari, 29 anos, e Frederico Henrique Santos Rodrigues Souto, 22 anos, pelo assalto de um taxista em Vespasiano. E o terceiro suspeito, Warlley Fernandes da Silva, 36 anos, encontra-se foragido.
Diego da Cruz Soares, 25 anos; Emmerson Coelho Silva de Souza, 26 anos, e Douglas Geraldo Barbosa, 33 anos, também foram presos ontem (18), em Vespasiano. Eles são suspeitos de serem executores do sequestro, homicídio e ocultação de cadáver de um homem em Santa Luzia.
Toda a trama tem início na madrugada do dia 18 de dezembro de 2016, quando Diego sofreu o assalto no município de Vespasiano. Na ocasião, Gladstone, Frederico e Warlley pegaram o táxi de Diego, anunciaram o roubo e colocaram o taxista dentro do porta-mala do veículo. Em seguida, o veículo foi conduzido até um edifício no bairro Cristina, em Santa Luzia, eos suspeitos levaram R$ 1500 da vítima e três aparelhos celulares. A vítima foi abandonada, no bairro Cristina B, em Santa Luzia.
Coincidentemente, na manhã do mesmo dia, suspeitos em um Fiat/Palio, de cor azul, pararam na porta do prédio localizado no bairro Cristina, em Santa Luzia. Diego e Emmerson entraram no edifício, foram até o apartamento de Lucas e arrombaram a porta. No interior do apartamento, Lucas foi acusado por Diego, que se identificou como taxista, de que ele seria o responsável pelo assalto cometido em Vespasiano. Em seguida, ameaçado com arma de fogo, Lucas foi seqüestrado. Testemunhas chegaram a presenciar o momento em que Lucas é levado até outros dois suspeitos, que aguardavam dentro do veículo Palio.
No dia 20 de dezembro, por volta das 15h30, o corpo de Lucas foi encontrado com três perfurações de arma de fogo, já em estado de putrefação, escondido atrás de uma estação da Copasa, na estrada do Alto das Maravilhas, que liga Santa Luzia à cidade de Vespasiano. Os sinais demonstravam, de acordo com o laudo de necropsia, mais de 48 horas de morte, o que levou a polícia a constatar que a vítima teria sido assassinada logo após ser sequestrada.
As investigações apontam que Diego teria conseguido, por meio do GPS do táxi, uma localização aproximada do edifício no bairro Cristina, onde os assaltantes pararam para dividir os produtos do roubo. Assim, na mesma madrugada do roubo ao táxi, Diego e os outros taxistas se reuniram e foram até a entrada do aglomerado das Antenas, no Palmital, local que fica bem próximo do prédio de Lucas, e procuraram informações que os ajudassem a descobrir o autor do crime e a recuperar o dinheiro e objetos roubados. Indagaram os moradores quem “comandaria” a área e foram levados até a presença do vereador de Santa Luzia Adriano Moura dos Reis (conhecido como “Dil”), de 39 anos, o qual é apontado como mandante do crime. Adriano não foi localizado pela polícia e segue foragido.
Provas colhidas pela Polícia Civil indicam que o vereador teria desavenças com Lucas e familiares de sua esposa, em razão de um furto de um celular poucas semanas antes. “Aproveitando-se de que os taxistas queriam se vingar do suspeito do roubo ao táxi, e que Lucas morava exatamente no prédio em que suspeitavam estar o autor desse roubo, o vereador induziu Diego ao erro, fazendo com que eles achassem que Lucas seria o responsável pelo roubo, ordenando em seguida a sua execução”, explicou o delegado responsável pelas investigações, Christiano Xavier.
O carro usado para sequestrar a vítima foi localizado em nome da irmã de Emmerson. A perícia indicou grande quantidade de sangue no seu interior, o que reforça a hipótese de que Lucas teria sido executado dentro do veículo.
Imagens de circuitos internos mostraram os taxistas por volta das 11h40, aproximadamente duas horas após o sequestro, chegando à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Vespasiano. Na unidade, Diego foi atendido com um corte no lado esquerdo da testa, lesão que não existia na noite do roubo, que poderia ter sido provocada pela própria vítima do homicídio na tentativa de se libertar. “Imagens também foram gravadas do momento em que os autores abordam o taxista antes de anunciarem o assalto e foram fundamentais para provar a autoria do crime”, destaca o delegado.
As investigações continuam para tentar identificar o quarto suspeito de participar da execução do sequestro, homicídio e ocultação de cadáver. Os envolvidos no homicídio podem pegar até 30 anos de prisão.
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